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Tribos da Colômbia pedem pacto com governos para proteger a floresta amazônica

Anastasia Moloney

LETÍCIA, Colômbia (Thomson Reuters Foundation) – Sentados em círculo dentro de uma cabana de madeira nos arredores de Letícia, capital da província amazônica da Colômbia, líderes indígenas saboreavam folhas de coca em pó e pasta de tabaco, parte de um ritual antigo que os conecta com seus ancestrais.

A mensagem transmitida por suas tribos permaneceu a mesma durante milhares de anos: preserve a vida.

“Estamos protegendo a Amazônia há milênios”, disse Julio Bombaire, um de seis líderes indígenas de várias tribos colombianas participando da cerimônia.

“Nossos criadores nos ensinaram como cuidar de nossa terra e viver em harmonia. Recebemos autoridade e responsabilidade de nosso criador de conservar a vida e a natureza.”

É em um costume antigo que os líderes indígenas fizeram um apelo para que os presidentes de Colômbia, Peru e Equador –que marcaram para se encontrar na cidade fronteiriça de Letícia na sexta-feira para debater os incêndios florestais ardendo na Amazônia brasileira– a considerar e respeitar.

Espera-se que os líderes políticos explorem a melhor maneira de unir forças para preservar a Amazônia. A maior floresta tropical do mundo está cada vez mais ameaçada pelo desmatamento e pelos incêndios, que podem atrapalhar a luta global para conter a mudança climática.

Na segunda-feira, o porta-voz do presidente Jair Bolsonaro disse que ele não irá à reunião para se preparar para uma cirurgia, mas se esperava que participasse por teleconferência.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, disse querer que o país lidere um “pacto de conservação” para proteger florestas na bacia amazônica, que também é compartilhada por Venezuela, Peru, Equador, Guiana, Suriname e Bolívia e onde também há incêndios.

Líderes indígenas da Colômbia disseram à Thomson Reuters Foundation que sua voz e participação serão cruciais para qualquer pacto regional funcionar.

“A floresta está aqui não porque presidentes a protegeram, mas por causa do nosso conhecimento, que foi transmitido oralmente de geração a geração. Isto não diz respeito a um mandato de quatro anos como presidente. Isto é para sempre”, disse Bombaire, da tribo muri.

Os países que abrigam a Amazônia vêm lutando para conter os índices de desmatamento nos últimos anos – mais árvores estão sendo cortadas ou queimadas para liberar terras para a agricultura e a pecuária, além da mineração e do corte ilegal que continuam sem freios, dizem ambientalistas.

Uma maneira crucial de salvaguardar a Amazônia é colocar mais terras sob proteção, incluindo reservas indígenas, além de diretrizes governamentais para monitorar o corte ilegal, aplicar as leis e respeitar os direitos de posse de terras nestas áreas, segundo grupos ecológicos.

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