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Lago europeu revela mudanças climáticas dos últimos 1,36 milhão de anos

Redação Galileu

Ao analisar sedimentos do Lago de Ocrida, na fronteira entre a Albânia e a Macedônia, uma equipe de especialistas pôde desvendar segredos da hisória climática do Mediterrâneo. A lagoa é a mais antiga da Europa e remonta a 1,36 milhão de anos.

Segundo os pesquisadores, foi possível entender o mecanismo climático que impulsionou as chuvas de inverno na região. “Descobrimos uma teleconexão entre as monções africanas e as precipitações de inverno na região do Mediterrâneo, assim como entre os sistemas climáticos tropicais e as chuvas nas latitudes médias a milhares de quilômetros de distância”, disse Alexander Francke, da Universidade de Wollongong, na Austrália.

Como o cientista explicou ao site Phys, quando a radiação solar chega à Terra, ela é “aprimorada” no Hemisfério Norte, o que resulta na migração do sistema climático tropical a essa parte do globo. Isso leva ao aumento das chuvas no lago — mesmo durante o inverno, estação geralmente seca. “Vemos esse mecanismo de forma consistente [ocorrendo] nos últimos 1,3 milhão de anos”, relatou Francke.

Os especialistas também encontraram evidências de que, durante os períodos mais quentes, essa relação entre o Mediterrâneo e os trópicos aumenta a evaporação da água, amplificando o desenvolvimento de ciclones perto do Ocrida. “Esse sistema climático seria bastante estável durante o verão e o outono, até que as temperaturas diminuam no inverno e o ar frio do norte faça com que tudo fique instável. Esse sistema de baixa pressão se move para o leste em direção à Península dos Balcãs e promove chuvas nos meses de inverno”, explicou Francke.

Para estudar a região, o grupo perfurou a crosta terrestre em locais onde a água chega a 245 metros de profundidade, atingindo uma profundidade máxima de 568 metros de sedimento. Segundo os pesquisadores, a extensa sucessão sedimentar permitiu que eles reconstruíssem detalhemente o clima ao longo de toda a história do lago.

Aquecimento global

Atualmente, há uma discrepância nos modelos climáticos sobre como o aquecimento global afetará o Mediterrâneo e, em particular, as chuvas de inverno. Enquanto alguns especialistas acreditam que as precipitações aumentaram, outros apontam que a região está ficando mais seca.

Para Francke, os novos dados permitirão uma melhor compreensão sobre o assunto, mas a análise deve ser feita com ressalvas. “Temos que ter cuidado. Não podemos simplesmente pegar esses resultados e dizer que, se ficar mais quente no futuro, também haverá mais chuvas durante o inverno no Mediterrâneo”, ressaltou. “Agora os modeladores climáticos poderão usar as informações coletadas no Lago Ocrida para melhorar suas teorias e desenvolver previsões mais precisas do que acontecerá.”

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