Drones serão usados na fiscalização de florestas em RO
Durante três dias, indígenas, policiais ambientais, representantes de ONGs e de associações extrativistas participaram de um curso de pilotagem de veículos aéreos não tripulados, mais conhecidos como drones.
O treinamento aconteceu em Porto Velho de 10 a 12 de dezembro e foi ministrado por técnicos da World Wide Fund for Nature (WWF). Treze drones foram entregues às organizações participantes para fiscalizar a floresta amazônica. Segundo a ONG, o principal objetivo do curso é ajudar na preservação.
“Os drones com as suas câmeras fazem vídeos em alta resolução e com essas imagens eles podem sensibilizar outras pessoas sobre a importância da proteção do território”, explicou Osvaldo Barassi, gestor de projetos do programa Amazônia da WWF.
Antes de levantar voo, os participantes aprenderam a montar cada parte do drone, entendendo detalhes técnicos sobre cartão de memória, hélices e câmera. Depois, aprenderam a analisar terrenos, florestas e relevos para identificar possíveis invasões, desmates e focos de calor.
A partir das imagens capturadas pelos drones os participantes entenderam que podem gerar mapas e ver os limites das reservas.
“A gente teve um aumento no desmatamento e isso levou com que a vida dos indígenas quanto dos servidores fosse ameaçada de morte. Então eu acho que o uso do drone vai levar a gente a ver uma maior área e ter maior controle. Porque quando a gente vai denunciar às autoridades eles falam bem assim: ‘cadê as provas?'”, explicou a ambientalista Ivaneide Bandeira.
“Agora com as imagens dos drones a gente vai ter. Isso vai otimizar as denúncias. Correndo menos risco de vida”.
De acordo com Danilo Melo, comandante da 1ª Companhia de Policiamento Ambiental, atuante em Candeias do Jamari, além de auxiliar na otimização do serviço de fiscalização ambiental, a ferramenta irá possibilitar “o uso racional do recurso público”.
“Com menos gastos, a gente vai aumentar a área de fiscalização e também. Na questão de segurança, vamos usar essa ferramenta para fazer uma vistoria e deixar ambiente mais seguro antes da entrada do policial”, reforçou.
Ameaça de morte
O curso, literalmente, salvou a vida de um casal indígena. Awapu e Juwi Uru-Eu-Wau-Wau saíram da aldeia Javepura e vieram para Porto Velho receber o treinamento de pilotagem. Durante as aulas, eles foram comunicados que homens armados invadiram a aldeia procurando por eles.
“Meu pai falou ‘um pessoal veio procurar você, foram quatro motos, nós vimos que eles ficaram das sete até dez da noite na aldeia e o pessoal não estava de brincadeira'”, disse.
O casal também comentou que por medidas de segurança não retornará para a aldeia após o curso de pilotagem de drones.
“Ontem mesmo eu fiquei emocionado e chorei pensando ‘será que não vou ver mais minha família?’. É difícil”, disse Awapu.
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