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Tartarugas-verdes têm novo habitat no RJ

Em menos de um ano já foram identificados e catalogados 28 indivíduos, na região de Ilha Comprida, no Rio de Janeiro

Localizado a apenas 5 KM da praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, o Monumento Natural das Ilhas Cagarras é uma unidade de conservação de proteção integral, formada pelas Ilhas Comprida, das Palmas, Cagarras, Filhote da Cagarra, Redonda e Filhote da Redonda.

O local está se tornando um novo habitat para tartarugas da espécie Chelonia mydas, popularmente chamadas de tartarugas-verdes. Um primeiro estudo realizado entre agosto de 2020 a abril de 2021 identificou e catalogou 28 indivíduos, em sua maioria jovens tartarugas em busca de descanso e boa alimentação. Foto: Suzana Guimarães

Deste total de animais cadastrados, 13 já foram reavistados na área pelo menos uma vez. Segundo os pesquisadores, a concentração da espécie pode estar associada às boas condições da região, que exibe costões rochosos e pedras que podem ser utilizados como locais de descanso. O local também oferece diversas espécies de algas, corais, esponjas e outros invertebrados (utilizados como alimento) e espécies de peixes que desempenham o papel de limpeza.

Este é o resultado do Projeto Ilhas do Rio conduzido pelo Instituto Mar Adentro, com a curadoria técnica do WWF-Brasil e patrocínio da Associação IEP e JGP. “As Ilhas Cagarras, em especial a Ilha Comprida, tem demonstrado ser um local atrativo e favorável para as tartarugas-verdes. Como as demais tartarugas encontradas no Brasil, ela também está ameaçada de extinção, sendo fundamental a proteção do habitat utilizado pelos juvenis para a manutenção da população a longo prazo”, explica Suzana Guimarães, Coordenadora da Pesquisa de Tartarugas do Projeto Ilhas do Rio.

“As Ilhas Cagarras, em especial a Ilha Comprida, tem demonstrado ser um local atrativo e favorável para as tartarugas-verdes. Como as demais tartarugas encontradas no Brasil, ela também está ameaçada de extinção, sendo fundamental a proteção do habitat utilizado pelos juvenis para a manutenção da população a longo prazo”, completa Suzana.

“A proteção do habitat utilizado pelos juvenis é fundamental para a manutenção da população a longo prazo. Por isso, esta descoberta renova as esperanças de conservação da espécie e reforça a importância da conservação das Ilhas Cagarras.”Suzana Guimarães, Coordenadora da Pesquisa de Tartarugas do Projeto Ilhas do Rio

Na pesquisa realizada pelo Projeto Ilhas do Rio, em cada dia de campo são realizados dois mergulhos autônomos por pesquisadores especializados em tartarugas marinhas com a finalidade de encontrar estes animais nas Ilhas Cagarras.

Além da identificação, são levantados dados do local em que o indivíduo foi avistado, profundidade, hora, comportamento apresentado, possíveis debilidades ou anomalias corporais externas, estimativa de tamanho (pequeno, médio e grande para juvenis) e dados ambientais. Foto: Caio Salles

Durante todo o período de pesquisa, apenas um indivíduo apresentou a presença de Fibropapilomatose – doença caracterizada pelo desenvolvimento de múltiplos tumores internos e/ou externos causada por um vírus e contagiosa entre as tartarugas marinhas (Figura 3). Esta doença acomete principalmente tartarugas-verdes tendo a poluição como um de seus agentes promotores, sendo, portanto, considerada um indicador de saúde ambiental.

“As ilhas podem fornecer um ambiente saudável para que este animal apresente melhoras em seu quadro de saúde, já que a disponibilidade de alimento e um bom estado nutricional pode prevenir a imunossupressão favorecendo a regressão dos tumores”, declara Suzana.

Outro resultado apontado na pesquisa é a identificação de alguns indivíduos em estação de limpeza. “É quando a tartaruga marinha fica parada, ou sobre o substrato ou na coluna d’água, esperando a ação dos peixes limpadores que comem algas, parasitas e invertebrados que podem estar presentes no corpo das tartarugas. Inclusive, um registro inédito já foi feito na Ilha Comprida onde um peixe da espécie Acanthurus bahianus limpava o casco de um dos indivíduos catalogado como residentes”, explica Suzana.

Riscos identificados

Apesar do cenário favorável é preciso alertar sobre os riscos desta espécie. Durante as pesquisas, a presença de diversos resíduos como, por exemplo, linhas de pesca com anzóis já foram detectados, incluindo um caso de captura por pesca fantasma. O principal risco é a ingestão destes materiais, o que só é possível identificar quando o animal é encontrado morto, sendo a necropsia e a análise do conteúdo gastrointestinal realizadas.

“A poluição, pesca excessiva, especulação imobiliária e falta de fiscalização estão entre os principais agravantes da destruição dos nossos mares. Por isso, a ciência como forma de proteção, preservação e, acima de tudo, de conscientização são essenciais para a natureza e os seres que a habitam”, diz Vinicius Nora, analista de Conservação do WWF-Brasil. Foto: Caio Salles

Projeto Ilhas do Rio

O Projeto Ilhas do Rio teve início em 2011 e tem como missão subsidiar órgãos tomadores de decisão com dados de pesquisas e monitoramentos de longo prazo, visando a proteção das ilhas da região fluminense, assim como conscientizar a sociedade sobre a importância da preservação ambiental e do uso sustentável de recursos, em especial do MONA Cagarras. É conduzido pelo Instituto Mar Adentro, com curadoria técnica do WWF-Brasil e patrocínio da Associação IEP e JGP.

“Participar de um estudo com esta proporção é muito gratificante. Estamos falando de um habitat natural importante não apenas para a biodiversidade marinha, mas também para a pesca, o turismo e a economia do país.” Vinicius Nora, analista de Conservação do WWF-Brasil

Por Ciclovivo

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