Seremos lembrados como a “Era do plástico”?
Por Marcia Sousa
Em maio deste ano, o mundo tomou conhecimento de que há plástico até
na Fossa das Marianas – o ponto mais profundo do planeta Terra. A
notícia causou espanto, mas a verdade é que sabemos muito pouco sobre a
dimensão da poluição plástica nos oceanos. Um estudo do Instituto de
Oceanografia, da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), revela
que o plástico sintético está poluindo nosso registro fóssil.
A pesquisa examinou quase 200 anos de sedimentos costeiros
na Bacia de Santa Bárbara, na Califórnia, onde há quase total ausência
de oxigênio. Por lá, as camadas sedimentares estão impregnadas por
micropartículas – possivelmente oriunda das águas residuais que chegam
nos oceanos. Os cientistas conseguiram analisar sedimentos datados de
até 1843.
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Apesar da maioria dos plásticos terem sido inventados na década de
20, os depósitos de plástico aumentaram no final da Segunda Guerra
Mundial, em 1945, e começaram a dobrar a cada 15 anos. Também foram
sendo diversificados os tipos plásticos.
O aumento corresponde a um aumento na taxa de produção de plástico em
todo o mundo e o crescimento da população costeira da Califórnia.
Os microplásticos mais encontrados foram tecidos sintéticos de
vestuário. O que mostra que talvez estejamos subestimando os fiapos que
são liberados durante as lavagens de roupa. Outro tipo encontrado foi o
plástico filme, muito usado nas cozinhas e nos aeroportos.
“É ruim para os animais que vivem no fundo do oceano: recifes de
coral, mexilhões, ostras e assim por diante”, afirmou a líder do estudo
Jennifer Brandon. “Todos aprendemos na escola sobre a idade da pedra, a
idade do bronze e a idade do ferro – essa será conhecida como a era do
plástico? É assustador que será por isso que nossas gerações serão
lembradas”.
À medida que mais estudos surgem fica cada vez mais evidente e mais
comprovado que os plásticos estão presentes em tudo. A pesquisa
oceanográfica é importante, apesar de, muitas vezes, não ter tanta
atenção da sociedade. “Sabemos que os mares exercem uma função-chave
para a nossa existência. Sua imensidão, porém, é menos investigada do
que a superfície da Lua”, disse certa vez Marcio Weichert, coordenador
do Centro Alemão de Ciência e Inovação São Paulo.
A opção por reduzir o uso de plástico no cotidiano certamente é válida, mas será preciso ações bem mais amplas e estruturais para mudar o rumo que a humanidade tomou. Confira o artigo Parece absurdo, mas comemos e respiramos microplásticos diariamente.
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