Poluição pode ser tão prejudicial como fumar um maço de cigarros por dia
Por Marcia Sousa
A poluição do ar é um problema sério, porém o assunto quase sempre
cai no lugar-comum. Trazendo a importância do debate, uma nova pesquisa é
enfática em afirmar que este tipo de poluição acelera a progressão do
enfisema pulmonar.
Respiração ofegante, tosse ou dificuldade em respirar são alguns dos sintomas do enfisema pulmonar. Trata-se de uma doença respiratória grave que, geralmente, atinge fumantes. A doença ataca os alvéolos pulmonares, que são pequenos sacos aéreos presentes nos pulmões. Em casos mais avançados, o indivíduo pode precisar até de oxigênio suplementar. Agora, órgãos de saúde sempre alertam sobre os perigos do tabagismo desta e outras doenças pulmonares, o que este novo estudo busca é focar nos perigos silenciosos dos poluentes atmosféricos -, especialmente o ozônio.
Conduzida por professores da Universidade de Washington, Universidade
de Columbia e a Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, a pesquisa
envolveu sete mil pessoas e avaliação da poluição do ar entre 2000 e
2018 em seis regiões metropolitanas dos Estados Unidos.
As médias anuais dos níveis de ozônio nas áreas estudadas estavam
entre 10 e 25 ppb (partes por bilhão). E os pesquisadores descobriram
que os moradores que respiravam um nível de 3 ppb acima de outra área,
durante 10 anos, tinham a probabilidade muito maior de desenvolverem
enfisema. Mais especificamente, seria o equivalente a fumar um maço de
cigarros por dia durante 29 anos.
“Até onde sabemos, este é o primeiro estudo longitudinal a avaliar a
associação entre a exposição prolongada a poluentes do ar e a progressão
do enfisema em uma análise ‘cohort’ multiétnica”, disse o principal
autor do estudo, Meng Wang, professor assistente de epidemiologia e
saúde ambiental na Escola de Saúde Pública e Profissões da Saúde da UB.
“Ficamos surpresos ao ver como o impacto da poluição do ar foi forte
sobre a progressão do enfisema em exames de pulmão, na mesma linha dos
efeitos do tabagismo, que é de longe a causa mais conhecida de
enfisema”, afirmou o coautor do estudo, Joel Kaufman, professor de
ciências ambientais e de saúde ocupacional na Escola de Saúde Pública da
Universidade de Washington.
Segundo Kaufman, as taxas de doenças pulmonares crônicas estão
subindo e “cada vez mais é reconhecido que esta doença ocorre em não
fumantes”.
Os pesquisadores coletaram detalhadamente as exposições ao longo dos
anos, inclusive, com medições nas casas dos participantes. “Embora a
maioria dos poluentes transportados pelo ar esteja em declínio devido
aos esforços para reduzi-los, o ozônio vem aumentando”, segundo o
estudo. O ozônio no nível do solo é produzido principalmente quando a
luz ultravioleta reage com os poluentes dos combustíveis fósseis.
A pesquisa ainda ressalta que o ozônio no nível do solo vai continuar aumentando ao passo que ocorrem as mudanças climáticas -, se nada for feito para sua redução. Além disso, não é claro qual o nível de poluição do ar aceitável, apesar da OMS (Organização Mundial da Saúde) estipular limites.
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