Muralha de gelo impediu primeira ocupação humana nas Américas, diz estudo
Uma muralha de gelo pode ter impedido a entrada, por terra, dos primeiros humanos no continente americano. O “Game of Thrones da vida real”, em referência ao maior escudo de Westeros, é resultado de um novo estudo que trouxe evidências de que a chegada de povos primitivos há milhares de anos, no Novo Mundo, se deu por meio de barcos ao longo da costa do Pacífico da Ásia — e não através da travessia do estreito de Bering em períodos glaciais.
Até então, havia um consenso na ciência de que a primeira ocupação das Américas aconteceu pela jornada de pessoas da Sibéria até o Alasca. Esse caminho que liga diferentes massas terrestres, cuja distância é de aproximadamente 4 quilômetros, teria sido possível graças ao congelamento do mar durante glaciações. Entretanto, a nova pesquisa mostrou que barreiras de até 900 metros de altura — maior do que qualquer edifício na Terra — impossibilitavam o acesso.
Cientistas afirmam que uma grande muralha de gelo, similar a um dos maiores símbolos da série Game of Thrones, impediu a primeira ocupação humana conhecida nas AméricasFonte:
Os cientistas examinaram 64 amostras geológicas retiradas da região. Em seguida, eles analisaram a forma de deposição de pedregulhos após o derretimento das geleiras e do tempo que as rochas ficaram expostas na superfície — com o uso de técnicas que observam a quantidade de elementos radiativos em materiais. A conclusão diz que o corredor livre de gelo só foi aberto há quase 14 mil anos — cerca 10 mil anos depois da primeira ocupação humana conhecida, chamada de Clovis e que se assentou no Novo México.
“Temos agora evidências robustas de que o corredor livre de gelo não estava aberto e disponível para o primeiro povoamento das Américas. Ainda assim, há muito a aprender sobre a provável rota costeira e de como era a viagem. Precisamos encontrar sítios arqueológicos da área para aumentar nossa compreensão desse processo migratório”, comentou ao Live Science a líder do trabalho, Jorie Clark.
“Este é um estudo muito bem executado que aborda uma questão de longa data. Os autores devem ser elogiados por uma grande parte da ciência”, disse Matthew Bennett, pesquisador que estuda fósseis na Universidade Bournemouth (Inglaterra).
Por Tecmundo
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