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Colmeia na varanda: com apicultura urbana na moda, Berlim sofre com enxames

Christopher F. Schuetze e Palko Karasz, do “New York Times”

BERLIM – Eles vão ao resgate quando outros sairiam correndo. São os “Schwarmfänger”, cerca de 30 berlinenses que fazem a remoção de colmeias com milhares de abelhas quando elas decidem se reunir onde as pessoas não as querem. Neste ano, os Schwarmfänger andam muito ocupados.  

Enquanto grande parte do mundo ocidental está preocupada com a morte das abelhas, Berlim e outras cidades alemãs vivem o problema oposto: há muitos enxames graças à crescente popularidade da apicultura urbana . Comerciantes de lojas de produtos orgânicos e mercados públicos estão vendo um aumento da oferta de mel produzido localmente.  

— Está meio na moda no momento, as pessoas colocam uma colmeia na varanda e pensam que estão fazendo alguma coisa pela natureza, diz Alfred Krajewski, 59, um voluntário da equipe.  

Muitos novatos veem erroneamente a apicultura como um hobby simples quando, na verdade, não têm conhecimento nem tempo para isso. Como qualquer inquilino que se cansa de um senhorio preguiçoso, as abelhas vão embora e criam suas colmeias em luminárias da cidade ou quintais – e Krajewski acaba sendo chamado.

Berlim tem mais de 20 colmeias de apicultores registrados por 2,6 quilômetros quadrados e um sem número de pessoas não registradas, de acordo com Benedikt Polaczek, que lidera a associação de apicultores da cidade. O resto da Alemanha tem menos de seis colmeias por 2,6 quilômetros quadrados, perto do número que deveria apropriado para a agricultura. PU

— Nós temos muita gente que mantém abelhas mas não faz o suficiente por elas, diz Polaczek, que ensina apicultura na Universidade Livre de Berlim. Ele é cuidadoso em fazer uma distinção entre os apicultores treinados e aqueles que não sabem o suficiente para fazer isso de forma correta.  

Polacek dá aulas de apicultura para leigos. No passado, ele não tinha mais de 40 pessoas por turma, mas no ano passado seu curso teve mais de 200 interessados. 

Morte das abelhas 

No mundo, a “ desordem do colapso das colônias ” encolheu significativamente a população de abelhas produtoras de mel ao longo das últimas duas décadas, uma crise com muitas causas, incluindo pesticidas, herbicidas, monocultura e aquecimento global. 

As abelhas costumam polinizar culturas, por isso seu declínio é uma ameaça aos suprimentos de alimentos.  

A população de muitas outras criaturas selvagens que polinizam plantações e outras plantas também diminuiu, incluindo abelhas selvagens, mariposas, borboletas, vespas, besouros, morcegos e pássaros. Eles são ameaçados pelas mesmas forças que as abelhas, e seu habitat vem diminuindo em razão da expansão humana.

Campanhas pedem que as pessoas protejam as abelhas, mas cientistas alertam que focar em um único inseto é equivocado e até contraproducente. 

— A abelha produtora de mel é uma entre 20 mil espécies de abelhas, diz Jonas Geldmann, um pesquisador da Universidade de Cambridge — é uma espécie que, pelo menos na Europa, está extinta da vida selvagem. É como a vaca ou a galinha, animais de criação. 

As abelhas produtoras de mel prestam um valioso serviço aos humanos, mas diferentemente do que muita gente pensa, estudos não indicam que criá-las contribui para a biodiversidade, diz Geldmann em artigo publicado no ano passado numa publicação científica.  

Segundo ele, numa área como Berlim em que há tantas abelhas, elas podem prejudicar a biodiversidade, esgotando o néctar do qual muitos insetos livres dependem. Além disso, doenças se espalham mais rapidamente em espécies criadas do que nas que vivem livres na natureza.  

Em vez disso, afirma, os cidadãos deveriam pressionar as autoridades para manter parques mais selvagens durante todo o ciclo de vida dos insetos e não só na época da polinização e evitar o uso de pesticidas. 

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