Cápsula de sementes é projetada para regenerar florestas
Uma cápsula de sementes impressa em 3D, biodegradável e comestível foi desenvolvida por seis jovens estudantes na Espanha. O projeto é voltado para contribuir com a regeneração de florestas recém destruídas pelos intensos incêndios no país, que já em agosto havia queimado o triplo de áreas de todo o ano de 2021.
Apelidado de DISPERSEED, a esfera de sementes tem em sua concepção, ao menos, duas características relevantes. Uma delas é o fato de ser pensada para envolver pássaros e outros animais na disseminação das sementes e outro ponto é conter espécies não pirofíticas, isto é, que não toleram o fogo.
É justamente para atrair os pássaros que os designers criaram um produto de forma arredondada e cor chamativa, lembrando frutas carnudas. A ideia é que as aves se sintam impelidas a se aproximarem do produto, bicar, ingerir e dispersar as sementes nas florestas. Nesse processo, algumas sementes podem cair no solo, além do próprio excremento do pássaro ajudar na germinação das mesmas.
“As aves são o motor mais importante para a dispersão de espécies vegetais por longas distâncias. Caso parte do produto chegasse às mãos de outros animais, também seria cumprido seu propósito de dispersão de sementes, já que insetos, como formigas, ou mamíferos, como esquilos, também fariam o trabalho”, explicam os alunos.
Já sobre o uso de espécies pirofíticas, a equipe de alunos, que contou com o apoio de profissionais na área, relata que os incêndios na Espanha causam uma superpopulação de espécies pirofíticas, cujas sementes e raízes resistem ao fogo, mas são propensas a queimar novamente.
“Essa adaptação é uma estratégia para eliminar a concorrência do reino vegetal, mas também significa privar a fauna de seu habitat. Decidimos conceber um produto que favorece a diversidade de espécies não pirofíticas nas áreas florestais mediterrânicas. Este produto possibilita a criação de florestas mais saudáveis, sustentáveis e mais resistentes a esses desastres”, pontua o grupo.
Zero resíduos
Cada esfera é impressa em 3D com uma massa vegetal que incorpora sementes inteiras. A DISPERSEED possui um gancho para posicioná-la em galhos de árvores ou estruturas semelhantes. Como até o gancho é feito de fécula de batata, o produto não deixa resíduos poluentes no ecossistema.
“Nosso produto se adapta ao meio ambiente sem deixar nenhum tipo de resíduo e sem exigir intervenção humana além de sua colocação inicial”, afirmam os designers.
Os planos futuros da equipe incluem aplicar o protótipo de sementes em outras florestas queimadas na região do Mediterrâneo e seguir a investigação de materiais usando a tecnologia de impressão 3D. Futuramente, os estudantes também esperam que a ideia possa ser aplicada em outras regiões do mundo, adaptando o material a outras espécies de aves e sementes. Outra possibilidade ainda envolve estender o projeto a áreas não queimadas com o intuito de aumentar a diversidade de espécies.
O projeto foi desenvolvido por Irene Badía Madrigal, Diego Polo García, Carmen Amorós Egea, Claudia Daudén Llodrá, Carmen Benítez Mora e David Zaragozá Sabater, estudantes de Engenharia em Desenho Industrial e Desenvolvimento de Produto da Universidade Politécnica de Valência. O DISPERSEED foi vice-campeão nacional do Prêmio James Dyson deste ano.
Por Ciclovivo
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