A construção do parque Karens Minde Axis, no Porto Sul de Copenhagen não veio apenas para trazer mais verde e áreas de convivência social à população. O espaço foi projetado pelo arquiteto paisagista dinamarquês Schønherr como uma solução para as enchentes e inundações. Uma solução mais completa do que os piscinões ou contenções usados em outras cidades.

O parque foi encomendado pela administração municipal e pela empresa de serviços públicos HOFOR para combinar proteção contra chuvas torrenciais, e suas consequências,  com novos espaços naturais para a comunidade.

Quando as chuvas fortes chegam, a água encontra passagem em um caminho sinuoso de tijolos. Ao invés de conter ou acumular a água, a ideia é oferecer um curso para que ela corra.

“O projeto, que constitui um leito de rio de tijolos amarelos, um curso de água e um espaço urbano, foi concebido com a filosofia de adicionar e subtrair o mínimo possível”, explica o arquiteto.

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Schønherr convidou os moradores locais para conversas e com suas contribuições garantiu que  os as características existentes do espaço, como um playground, um parque para passear com cães e diversas árvores maduras, permanecessem intactas enquanto o parque era adaptado.

“A ambição era canalizar a água das chuvas torrenciais pela cidade de uma forma sensata e, como o projeto está localizado em um ambiente cultural valioso, ele se baseia no que já existe para criar algo novo que não seja estranho à comunidade”, acrescentou.

Com 600 metros de extensão entre duas ruas residenciais com terraços, o parque é organizado em torno de uma área de deck circular de madeira no centro, que, junto com um pavilhão próximo, serve como um espaço para reuniões informais.

O caminho sinuoso de tijolos corta o local longitudinalmente pelo centro deste círculo, combinando superfícies mais orgânicas e fluidas com áreas de assentos escalonados.

Durante chuvas fortes, esse caminho submerso é projetado para lidar com cerca de 15 mil  metros cúbicos de água da chuva, canalizando-a através de um “prado de gotejamento” purificador para uma bacia de águas pluviais recém-criada. Mesmo atuando como um rio, o canal central do parque ainda pode ser atravessado por pequenas pontes.

“Além de servir como um novo espaço urbano verde, o Karens Minde Axis também é usado para transporte, armazenamento e purificação de água da chuva”, conta Schønherr.

“O gerenciamento técnico da água não só contribui para a funcionalidade, mas também serve como um elemento estético, literalmente unificando uma área que antes estava dividida.”

Em ambos os lados do caminho, foram criadas áreas verdes com 70 novas árvores, enquanto ao longo do caminho e ao redor da bacia de águas pluviais, grandes rochas fornecem habitats para pequenos animais e insetos, abrigando a biodiversidade em uma área urbana.

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“Não há bancos ou iluminação artificial na extremidade sul do parque para evitar perturbar a vida selvagem”, explicou o paisagista.

“Ao mesmo tempo, a biodiversidade foi melhorada devido ao prado de percolação, ao novo lago de águas pluviais com efeito redutor de CO2, ao plantio de arbustos e bulbos e ao uso de troncos das poucas árvores derrubadas como madeira morta na instalação.”

Por Ciclovivo