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Para onde vai seu aparelho eletrônico depois que vira ‘lixo’?

O Brasil produz todos os anos 14 milhões de quilos de resíduos eletrônico, segundo levantamento realizado pela USP. Entre os itens descartados estão celulares, computadores, monitores e cabos que juntos representam 10% do total.

Diferentemente de garrafas pet, vidro ou sacolas plásticas, os componentes eletrônicos são compostos por diversos elementos químicos que precisam ser separados e tratados de forma separada. 

“Os eletrônicos são como um mosaico de composto químicos e metais, que vão desde o plástico até alguns componentes tóxicos”, explica Alexandre Turra, professor do Instituto de Oceanográfico da USP.

Para o professor, o problema é que esses materiais estão em pequenas quantidades nos eletrônicos e é necessário processar uma quantidade muita grande para ser lucrativo. 

“Não sabemos onde fazer o descarte, para esse tipo de coisa não está acessível, principalmente para populações pobres. Está restrito a núcleos de mais alta renda”, afirma o professor Alexandre.

Uma grande parte do material mais elaborado com potencial de reciclagem, como placas e processadores, é exportado a baixo custo para outros países, sendo a Bélgica é uma das grandes compradoras. Hoje, algo entre 2% e 6% desse lixo chega a ser reciclado. 

Reutilização

Uma outra opção para o lixo eletrônico é a remontagem a partir de peças usadas. Essa é uma maneira mais viável e mais lucrativa do que a reciclagem.

O programa Paideia, idealizado pelo Cedir (Centro de Descarte de Resíduos de Informática) e coordenado pela professora da USP Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho, tem como intuito aproveitar peças usadas de eletrônicos antigos para montar computadores e ensinar informática.

Imagens do projeto Paideia

Imagens do projeto Paideia

Os equipamentos são 100% montados com peças que seriam jogadas no lixo e depois usados no projeto ensinar informática para 60 alunos.

“O resultado com crianças de escolas públicas é ótimo e temos interesse em divulgar esse programa para outras universidades”, diz Tereza Cristina.

Economia circular

O processo de economia circular se baseia no pressuposto de que um componente é 100% reaproveitável e pode gerar lucro além de ser benéfico ao meio ambiente. Diferentemente, da economia linear, que utiliza uma nova matéria prima nova a cada processo.

“O quilo de peças usadas custa de 3 a 5 reais, porém um computador remanufaturado pode ser vendido como um item de segunda mão por algo entre 70 e 90 reais cada”, diz a professora Tereza Cristina.

O projeto do instituto GEA (Insituto de Ética e Meio Ambiente), da USP, ensina catadores como trabalhar com eletrônicos. Durante as aulas, eles aprendem como desmontar e remontar dispositivos com o intuito de aumentar os lucros do trabalho com reciclagem.

CEDIR- Centro de Descarte de Resíduos de Informática

CEDIR- Centro de Descarte de Resíduos de Informática

Até o momento, passaram pelo projeto 180 catadores espalhados por 15 cidades. Ao final do curso, eles aprendem a separar cada material, como o cobre e o ouro, os mais valiosos dentro dos eletrônicos.

Componentes tóxicos

Um dos maiores problemas do descarte de forma errada é a liberação de metais tóxicos na natureza, principalmente os metais pesados. Esses elementos acumulam no organismo e ficam para sempre no corpo, em grandes quantidades é extremamente danoso à saúde.

Cada monitor daqueles antigos, o famoso tubo, tem de 3 a 4 quilos de chumbo. Em certo nível, todos os eletrônicos têm alguma quantidade de metal pesado apesar das quantidades serem menores

O descarte desse material em rios e mares contamina a água e afeta diversos animais. Os metais pesados se juntam com a matéria orgânica e são depositados no fundo ou ficam em suspensão. 

Um peixe que se alimenta de outros menores acumula metais pesados no organismo e intoxica inclusive a pessoa que se alimentar dele.  Nesse caso, o ser humano recebe uma quantidade as toxinas e metais pesados acumulado por todos os demais animais da cadeia alimentar.

Os metais e seus danos

Diversos metais pesados estão presentes nos eletrônicos que descartamos. Entretanto, chumbo, mercúrio e o cádmio estão em maior quantidade e são os mais perigosos para a saúde humana. Em geral, o longo contato com eles pode causar problemas motores e câncer. 

Mercúrio

O mercúrio está presente principalmente em pilhas e baterias. Esse metal pesado é encontrado em baixa quantidade na natureza e a contaminações é causada pela ação humana. 

O acúmulo de mercúrio no organismo causa deterioração do sistema nervoso, podendo levar a demência, problemas motores e perturbações sensitivas. 

Mercúrio em forma líquida

Mercúrio em forma líquida

Chumbo

O chumbo é encontrado em celulares, monitores, televisores e computadores. A intoxicação geralmente ocorrer por ingestão direta e até por inalação.

Esse metal pesado pode causar alterações genéticas, afetar o sistema nervoso, atingir a medula óssea e também prejudicar os rins. A exposição por um longo prazo por causar câncer. 

Imagem ilustrativa do chumbo em forma sólida

Imagem ilustrativa do chumbo em forma sólida

Cádmio 

O elemento está presente na fumaça da queima de combustíveis fósseis, cigarros, lixo urbano e nos sedimentos de esgoto.  Há altos índices desse metal em moluscos, como ostras e mexilhões, por serem filtrandores da água e acumulam as toxinas em seu organismo.

No corpo humano, o cádmio impede a absorção do zinco e do cobre pelo organismo. Em casos mais avançados, pode acumular nos rins e nas paredes das artérias. A longo prazo o contato é cancerígeno e pode causar doenças a curto prazo, como problema no metabolismo, descalcificação óssea e reumatismo. A contaminação pelo ar pode causar edemas pulmonares.

Imagem ilustrativa do cádmio em forma sólida

Imagem ilustrativa do cádmio em forma sólida

Por R7

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