Os novos riscos enfrentados pela biodiversidade dos mares
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O relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), entidade que envolve 234 cientistas de 66 países, divulgado em agosto deste ano, revelou que os oceanos absorveram 91% do calor na atmosfera causado por gases de efeito estufa. Tal fenômeno impacta diretamente no aumento da temperatura das águas marinhas e acrescenta uma nova ameaça à já dramática situação dos mares do planeta, vitimados por poluição e exploração predatória dos recursos biológicos. Estima-se que a temperatura média global da superfície do mar tenha aumentado cerca de 0,13 grau por década nos últimos 100 anos.
Como consequência, os recifes de corais, estruturas que cobrem apenas 0,2% do fundo do mar mas abrigam 25% das espécies marinhas, são diretamente afetados. De acordo com um estudo feito pela Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN), com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), de 2009 a 2018, o mundo perdeu 14% de seus corais devido ao aumento da temperatura da superfície do mar: a área é maior do que todo o coral vivo na Austrália. Para a diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, a COP26, conferência climática que será realizada em Glasgow, será uma oportunidade para salvar os recifes de coral. “Estamos ficando sem tempo. Podemos reverter as perdas, mas temos de agir agora”, disse.
![POLUIÇÃO - Cavalo-marinho com máscara descartável: 11 milhões de toneladas de lixo plástico lançadas no mar -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/10/CAVALO-MARINHO-MASCARA-THE-GUARDIAN-PREMIO-2021-01.jpg.jpg)
Além de penar com calor ameaçador, a vida marinha tem sofrido com a poluição e os contínuos vazamentos de petróleo de navios, oleodutos ou plataformas. Um exemplo claro sobre as consequências para a população e os oceanos é o vazamento de petróleo no Oceano Pacífico, que atingiu em cheio o estado da Califórnia, nos Estados Unidos, um mês antes do início da COP26. Cerca de 3 000 barris de petróleo bruto vazaram de dutos de transporte diretamente no mar. Em uma das áreas mais afetadas, a cidade de Huntington Beach, a cerca de 65 quilômetros de Los Angeles, a prefeita Kim Carr classificou o incidente como uma “catástrofe ambiental” e afirmou que esse é um “desastre ecológico em potencial”. A situação americana ressoa na memória recente dos traumas brasileiros. Em 2019, um vazamento de óleo atingiu todo o litoral do Nordeste e partes do Sudeste do Brasil. Estima-se que 5 000 toneladas tenham sido removidas das praias — até hoje não se sabe quem foi o responsável pela tragédia.
À negligência da indústria petrolífera soma-se a poluição que é gerada no continente e que chega ao litoral para contaminar o meio ambiente. Anualmente, cerca de 11 milhões de toneladas de resíduos plásticos são despejadas nos mares. A contaminação prejudica tanto os animais, que ingerem minúsculas partículas, quanto a população, que se alimenta de peixes e frutos do mar.
Por Veja
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