Oceanos são o verdadeiro pulmão do mundo, diz pesquisador
As algas marinhas são responsáveis pela produção de 54% do oxigênio
do mundo e os mares atuam como reguladores do clima no planeta. Os dados
são do Instituto Brasileiro de Florestas. Sem os serviços prestados
pelo oceano, a temperatura poderia ultrapassar 100ºC e inviabilizar a
vida na Terra. Além disso, a Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e Agricultura (FAO) indica ainda que peixes e frutos do mar
são a principal fonte de proteína para uma em cada quatro pessoas no
mundo.
Diante da importância de um oceano saudável para a vida,
cerca de 350 pessoas estiveram reunidas na última terça-feira (3), no
Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, para participar do Conexão Oceano.
Entre os condutores do debate e da sensibilização da plateia estavam
personalidades de diferentes setores, como o ator Mateus Solano, as
jornalistas Sônia Bridi e Paula Saldanha, a atriz Maria Paula Fidalgo, a
velejadora olímpica Isabel Swan, o empresário Vilfredo Schurmann, o
surfista Rico de Souza, os pesquisadores Frederico Brandini, Alexander
Turra e Ronaldo Christofoletti, entre outras.
Durante o encontro, os participantes debateram os impactos sofridos
pelos mares, além de compartilharem formas de engajar a sociedade em
torno do tema, que é de extrema relevância para a sobrevivência e para o
desenvolvimento econômico e social. O público foi formado
principalmente por comunicadores, empresários, representantes da
sociedade, pesquisadores e estudantes.
Professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo
(USP), Frederico Brandini destacou o importante papel dos oceanos,
lembrando que eles são o verdadeiro pulmão do mundo. “Neles é que estão
as algas marinhas responsáveis pela produção da maior parte do oxigênio
consumido no planeta. Se quisermos continuar usufruindo da generosidade
oceânica, precisamos melhorar o currículo didático do ensino
fundamental. Além da educação, outra forma de preservar os mares é
comunicando mais e melhor”, enfatizou.
Durante sua fala, Mateus Solano lembrou que os humanos não são donos
do planeta. “Somos filhos dele. Precisamos dar alguns passos atrás e
entender quais caminhos errados tomamos no decorrer da história. Um
deles foi utilizar tanto plástico. Se não repensarmos tudo isso, a
natureza continuará sofrendo. E é importante lembrar que ela não precisa
de nós. A gente é que precisa dela”, ressaltou.
De acordo com a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de
Proteção à Natureza, Malu Nunes, o objetivo principal do evento –
promovido pela entidade em conjunto com a Comissão Oceanográfica
Intergovernamental (COI) da UNESCO, a UNESCO no Brasil e o Museu do
Amanhã – foi aproximar as pessoas dos oceanos. “Temos o compromisso de
proteger os mares, engajar a sociedade e ajudar a ter uma economia mais
forte, bem-estar amplo e vida marinha conservada. A ideia foi detectar
os principais desafios e ‘inputs’ para cumprirmos esse objetivo”, disse.
Comunicação
O evento foi o primeiro realizado no Brasil voltado a comunicadores,
influenciadores e pesquisadores, com o objetivo de estruturar diretrizes
para engajar a sociedade sobre a importância do oceano. “A comunicação é
um fator importantíssimo para a conservação da saúde oceânica. Por
isso, os meios de comunicação têm papel preponderante na conscientização
da população nesta causa. O impacto da não conservação afeta não apenas
quem vive no litoral, mas também quem está no interior”, lembrou o
vice-presidente da COI/UNESCO na América Latina e Caribe, Frederico
Saraiva Nogueira.
Outro ponto importante apresentado no evento é que os oceanos
enfrentam problemas que podem influenciar negativamente na segurança
alimentar dos seres humanos. “Precisamos reverter esse quadro
urgentemente, pois a tragédia é iminente. O Acordo de Paris e os 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) devem ser cumpridos
mundialmente e o Brasil tem um papel fundamental nessas metas, pois tem
uma diversidade marinha fantástica, além de grande dependência do
sistema marinho. Essa iniciativa de realizar o evento tem um papel
preponderante, pois vai ajudar a propagar esse conteúdo e despertar nas
pessoas o compromisso de defender o oceano, tão importante para nosso
futuro”, disse por vídeo o secretário especial das Nações Unidas para o
Oceano, Peter Thomson.
Para Alexander Turra, Cátedra UNESCO para Sustentabilidade dos
Oceanos, é preciso relacionar mais a vida do oceano com a vida da
sociedade. “Os cientistas precisam ser cada vez mais protagonistas da
informação. Não adianta ficar apenas dentro dos laboratórios e não
interagir com a sociedade. É preciso comunicar de forma simples e
objetiva aquilo que nós defendemos”, afirmou o membro da Rede de
Especialistas em Conservação da Natureza.
Já Vilfredo Schurmann destacou que “o mar está perdendo fôlego devido ao excesso de poluição. E pude ver isso ao redor do mundo”. Especializada em coberturas ambientais, Sônia Bridi afirmou que “a civilização depende barbaramente da preservação do meio ambiente e algo precisa ser feito”. As ideias surgidas no decorrer do Conexão Oceano farão parte de estratégias de comunicação em prol da conservação e sustentabilidade dos oceanos e da vida marinha, tema da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o período de 2021 a 2030.
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