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O crescimento desordenado das cidades e os efeitos para a nossa saúde

Um relatório da OMS – Organização Mundial de Saúde, divulgado no final de 2021, alerta para o ameaça das mudanças climáticas no planeta e as suas graves consequências para a saúde da humanidade. No documento, a OMS destaca o calor extremo, inundações, secas, incêndios florestais e furacões como como ameaças cada vez mais frequentes e devastadoras para a qualidade de vida no mundo. Entre as recomendações aos governantes para reduzir os efeitos das alterações no clima sobre a saúde do homem, o órgão orienta o investimento em projetos urbanos saudáveis. Atualmente, a falta de planejamento urbano e o crescimento desordenado dos grandes centros urbanos no mundo estão entre as principais causas do desequilíbrio ambiental que, por consequência, afetam a saúde física e mental da população. A falta de estrutura básica, como esgoto e água tratada, o acúmulo de lixo e a poluição, principalmente nas grandes cidades causam doenças e são provas reais de que a maneira como interagimos com o ambiente em que vivemos está interferindo e prejudicando o nosso bem-estar. Mas quais seriam as soluções para integrar meio ambiente e saúde e alcançar o equilíbrio necessários para vivermos com mais qualidade?

Saúde integral

Para os especialistas ouvidos pelo Bem Viver Em Minas, equilibrar a relação entre o homem e o meio ambiente é fundamental não só para evitar enchentes e outros desastres naturais, mas como também para manter a nossa saúde física e mental. “Pela primeira vez na história, temos mais gente vivendo nas cidades do que no campo. Antes, isso nunca havia acontecido. Então, resolver os problemas das cidades é resolver o problema da humanidade” afirma Rafael Tello, diretor de sustentabilidade do Grupo Ambipar e coordenador da Rede Desafio 2030. Rafael lembra que nos últimos séculos, o homem desenvolveu e colocou em prática o pensamento de que para se construir cidades seria necessário afastar a natureza dos ambientes urbanos. De acordo com o especialista, o acúmulo de mudanças no ambiente natural e as mudanças observadas no clima estão deixando os centros urbanos suscetíveis a uma série de impactos que ameaçam vidas. “É importante que a gente repense a nossa relação com a natureza dentro das cidades. Uma cidade sustentável precisa resolver problemas como o saneamento, além de outras questões, como acesso à comunicação e ao conhecimento, que promovem a sustentabilidade”. Segundo o executivo, além de repensar a parte estrutural das cidades, como canalização de rios, podas de árvores e destinação correta do lixo e do esgoto, é preciso também que se pense na saúde de forma integral. “Trazer mais natureza para as cidades vai ajudar a trabalhar principalmente a saúde mental que, como vimos aí na pandemia, é fundamental para o nosso bem-estar”.

 — Foto: GettyImages

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É preciso ir além

O outro especialista ouvido pelo Bem Viver Em Minas, o Dr. Frederico Peret, diretor-presidente eleito da Unimed-BH que assume em maio de 2022, reafirma a importância de se colocar em prática a ampliação do conceito de saúde no sentido de oferecer mais qualidade de vida para as pessoas. “Hoje já se tem um entendimento que assistência à saúde não é apenas prover a construção de hospitais ou o acesso aos serviços e medicamentos. Ela vai além e abrange o entendimento de todo o contexto socioeconômico e ambiental, levando atenção e cuidados para onde as pessoas vivem. Só assim, poderemos quebrar uma cadeia de eventos como a falta de saneamento básico, por exemplo”. Para o especialista, a exposição a determinadas situações proporcionadas pela expansão urbana desordenada, como poluição ambiental, nutrição inadequada e contatos com agentes químicos e físicos podem influenciar em toda a trajetória de vida de uma pessoa. “Isso vai implicar em mais doenças mentais, eventos cardiovasculares, mais obesidade, além de outras situações crônicas que irão se apresentar ao longo da vida se a pessoa continuar exposta aos mesmos agentes”. De acordo com o médico, é preciso que o conceito de saúde integral seja divulgado e colocado em prática o quanto antes para garantir um futuro com cidades e pessoas mais saudáveis. “Não basta oferecer tratamento. É preciso ir além: investir, interferir e mudar o ambiente onde as pessoas vivem e prepará-los melhor para as futuras gerações”.

Por G1

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