Municípios trocam recicláveis por alimentos
Por Fernanda Correia
Como forma de incentivar a população de baixa renda a adotar práticas sustentáveis, alguns municípios brasileiros estão transformando materiais recicláveis em moeda de troca. Alimentos e até cursos são oferecidos em troca de plásticos, vidros, alumínio e papel, que são levados pela própria população aos pontos de troca. Com estas atitudes, os municípios pretendem sensibilizar a população para a importância da reciclagem e do consumo consciente.
Conheça 7 iniciativas que acontecem pelo País:
Caxias do Sul (Rio Grande do Sul)
O projeto Troca Solidária é realizado há dez anos no município de Caxias do Sul e já beneficiou mais de 114 mil famílias, que podem trocar 4 kg de material reciclável por 1 kg de frutas, legumes ou verduras, produzidos pelos agricultores da cidade. Todas as quintas-feiras o caminhão visita os bairros participantes da ação, para realizar a troca. Só no ano passado foram recolhidas 749 toneladas de materiais, enquanto 23 mil famílias foram beneficiadas com a distribuição de 187 toneladas de alimentos.
Curitiba (Paraná)
Na capital paranaense o programa Câmbio Verde, que troca recicláveis por alimentos, existe há mais de 20 anos e tem como público-alvo a população que recebe até 3,5 salários mínimos. A cidade disponibiliza mais de 100 pontos de troca, onde a população leva o seu material, que é convertido em alimentos orgânicos produzidos localmente. A prefeitura disponibiliza um calendário para que a população saiba quando e onde deve comparecer para realizar a troca.
Além do Câmbio Verde, a cidade inaugurou a Casa SO+MA, uma nova iniciativa que também aceita os recicláveis como moeda de troca. No local, os materiais valem pontos, que podem ser convertidos em cursos de capacitação, produtos de higiene ou mesmo desconto para compra de óculos de grau. Todo o material coletado vai para as associações de catadores.
Itapetininga (São Paulo)
Desde abril deste ano Itapetininga vem trocando recicláveis por alimentos. O resultado disso? A coleta de quase 2 toneladas de materiais e a distribuição de 424 kg de alimentos. O Câmbio Verde aceita 4 kg de recicláveis, que podem ser latas de alumínio, embalagens plásticas e papéis. Em troca, a população leva 1 kg de alimento, podendo ser arroz, feijão, macarrão ou farinha de milho. A coleta ocorre sempre no último sábado de cada mês em um bairro diferente. A próxima troca está marcada para o dia 31 de agosto, no Rechã. As datas posteriores, de acordo com o site do município são: 28 de setembro, no Jardim Bela Vista; 26 de outubro, no Belo Horizonte; 30 de novembro, no Distrito Tupy.
Marechal de Thaumaturgo (Acre)
O jovem município do Acre, localizado no coração da Amazônia, ganhou uma iniciativa pioneira e bastante interessante para incentivar a população local a destinar corretamente os seus recicláveis. A ideia partiu do indígena Benki Piyãko, juntamente com o brasileiro Marcelo Valladão, idealizador do projeto e presidente da Fundação Holandesa House of Indians, em parceria com os índios Ashaninka no Acre. Eles criaram um eco-mercado, chamado TrocTroc, que aceita os recicláveis (principalmente plástico e alumínio) como forma de pagamento pelos produtos oferecidos na loja que, em geral, são frutas, grãos, legumes e verduras, produzidos localmente, a fim de valorizar os produtores rurais da região.
Santo André (São Paulo)
No município do ABC Paulista, o programa ganhou o nome de Moeda Verde. A proposta é que os moradores de núcleos habitacionais troquem 5 kg de resíduos secos por 1 kg de alimento hortifrúti. Todo material recebido é encaminhado para as cooperativas de reciclagem, que fazem a separação e a venda, contribuindo na geração de renda para os catadores. Atualmente o município conta com 11 comunidades participantes, beneficiando aproximadamente 60 mil pessoas.
São Paulo (São Paulo)
A cooperativa Rainha da Reciclagem, localizada no bairro Jardim Matarazzo, na Zona Leste da Capital, é uma das cooperativas habilitadas na prefeitura que incentiva famílias de baixa renda a levarem seus recicláveis e óleo de cozinha para serem trocados por frutas, verduras e legumes. Os alimentos fazem parte de um trabalho social em parceria com o Ceasa. Ao todo, 300 famílias estão cadastradas e a cooperativa recolhe em média 150 litros de óleo por semana.
Além de trabalhar com os recicláveis, a Rainha da Reciclagem tem um projeto social que inspirou a organização da cooperativa, o Guerreiros de Deus. Trata-se de uma iniciativa de atendimento aos dependentes químicos da região, que recebem oferta de emprego na cooperativa, moradia e alimentação.
Suzano (São Paulo)
Este ano o município de Suzano também lançou um projeto para trocar recicláveis, intitulado Troca do Bem. No programa, os moradores podem trocar garrafas PET, alumínio, papelão, ou ferro, por uma muda de árvore, 1 kg de alimento ou 5 kg de ração para cães ou gatos. Tudo pode ser levado para o Mercadinho do bem (ao lado do Cineteatro Wilma Bentivegna), onde cada dia da semana é destinado para uma troca diferente: às terças por mudas, às quartas por alimentos e às quintas por ração. O material só é aceito se estiver limpo e em bom estado. As regras do programa podem ser conferidas no local. O material coletado será destinado para a cooperativa de reciclagem do município e as garrafas PET servirão para a construção de uma sala de educação ambiental.
0 Comentários