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Fóssil de 70 milhões de anos revela que os dias na Terra antiga eram mais curtos

Uma equipe de cientistas que analisou uma concha de 70 milhões de anos encontrou evidências de que a Terra, durante o período Cretáceo Superior, tinha dias mais curtos. O fóssil em questão era de um molusco que viveu um pouco antes da extinção dos dinossauros.

De acordo com o estudo publicado no Paleoceanography and Paleoclimatology, os dias tinham cerca de 23 horas e meia de duração na época em que este animal marinho viveu. Além disso, a Terra levava 372 dias para completar uma órbita ao redor do Sol, e não 365 dias como ocorre atualmente.

No entanto, a duração total do ano não foi alterada – desde o Cretáceo Superior, um ano dura 8.760 horas. O que aconteceu é que a rotação do planeta foi ficando mais lenta por causa dos efeitos gravitacionais da Lua. Essa descoberta ajuda a entender melhor sobre as condições climáticas antigas e sobre as influências que nosso satélite natural exerce sobre a Terra.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores escolheram o fóssil de um molusco da espécie Torreites sanchezi, pertencente ao grupo extinto das amêijoas rudistas. Esse grupo tinha como característica construir suas conchas uma camada de cada vez, “um pouco comparável aos anéis de árvores”, de acordo com o paleoclimatologista Niels de Winter, principal autor do estudo.

A concha fóssil do molusco extinto (Imagem: AGU)

Se a criação dessas conchas é comparável aos anéis de uma árvore, então é possível descobrir uma série de coisas sobre a passagem de tempo enquanto o bichinho esteve vivo. E foi isso o que os cientistas fizeram. O fóssil veio de um molusco que vivia nas águas quentes de um solo oceânico tropical e morreu com 9 anos.

Como explica Winter, “as árvores depositam uma camada de madeira todos os anos, e você pode ver essas camadas ao cortar um tronco. Ao contar as camadas do exterior para o interior do tronco da árvore, pode-se estimar a idade dela. De maneira semelhante, poderíamos contar os dias e anos do Torreites sanchezi contando as camadas”.

Assim, ao analisar as amostras do espécime, os pesquisadores puderam olhar para os anéis de crescimentos diários do molusco, que mediam 40 nanômetros de largura. Para os padrões de uma criatura como esta, é algo grande. “Nossas análises químicas das camadas nos permitiram fazer isso com grande precisão e remover o erro que ocorre ao contar essas camadas a olho através de um microscópio”.

Com o uso de um laser, a equipe conseguiu fazer pequenos buracos no fóssil, examinando sua composição na escala de mícrons – algo que não é possível para o olho humano mesmo com a ajuda de microscópios. Isso lhes permitiu retirar as camadas da concha em pequenas partes correspondentes a cerca de um quarto do crescimento diário. “Isso nos permite medir como a composição da concha mudou em curtos períodos e aprender sobre mudanças muito rápidas no ambiente da concha”.

As camadas de crescimento diário da concha (Imagem: AGU)

A partir disso eles puderam contar o número de dias que se passaram em um ano, “porque também podemos ver os ciclos sazonais”, explica o paleoclimatologista. Assim, eles descobriram que 70 milhões de anos atrás, havia 372 dias em um ano – uma diferença de 23 minutos por dia a menos.

Isso condiz com a compreensão dos astrônomos sobre como o sistema Terra-Lua evolui: o dia da Terra se prolonga lentamente à medida que a Lua se afasta de nós como um resultado dessa mesma interação. Atualmente, a NASA estima que a Lua está retrocedendo a uma taxa de 3,8 centímetros por ano.

Estudos como este enfrentem muitos desafios, como a dificuldade de encontrar fósseis tão bem conservados. Mas a ideia de que podemos “olhar para o passado” e reconstruir esse nível de detalhe climático tem “grandes implicações” para o estudo de climas antigos. “Nós, cientistas climáticos, estamos muito interessados nessas reconstruções, pois elas podem nos ensinar como os padrões climáticos e extremos evoluirão em um futuro próximo”, diz Winter.

Fonte: Cosmos Magazine, Live Science

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