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Filhote de anta albina vai contribuir para pesquisa genética sobre parentesco da espécie no interior de SP

O filhote de anta albina resgatado em Piedade (SP) recebe cuidados especiais no Zoológico de Sorocaba (SP) e irá contribuir para uma pesquisa genética, que analisa a condição da espécie e a ausência de produção de melanina – a substância que dá a cor à pele.

A fêmea foi encontrada no bairro Ribeirão Bonito, no dia 23 de novembro, fraca e desnutrida. Encaminhada ao zoo desde então, uma equipe diária composta por três profissionais faz o monitoramento e alimentação.

Segundo a bióloga do zoo Cecília Pessutti, a “antinha”, como é chamada pelos cuidadores, é alimentada quatro vezes ao dia com uma mistura de leite de cabra e de vaca e pastagem. Acredita-se que ela tenha cerca de 40 dias de vida.

“Ela é mais sensível à luz solar e pode ter um sistema imunológico mais sensível e isso demanda mais cuidados, como massagem abdominal e o tanque de banho com água morna”, explicou.

O animal atingiu 15 quilos e deve alcançar a idade adulta aos dois anos e irá permanecer no zoo.

De acordo com a bióloga Mariana Landis, uma das responsáveis pelo Projeto Anta, do Instituto Manacá, os especialistas vão investigar se existe alguma relação de parentesco entre o filhote resgatado e as duas outras antas albinas registradas anteriormente.

“O albinismo não é uma condição muito comum, portanto, existe uma boa possibilidade de existir algum grau de parentesco. Em seguida, vamos comparar a genética dos indivíduos albinos com os indivíduos não albinos, verificando, por exemplo, se entre os albinos há um maior sinal de endogamia [acasalamento entre indivíduos aparentados].”

Para isso, a equipe tem o desafio de conseguir material biológico das antas e continuar monitorando o aparecimento de novos animais albinos.

Segundo o biólogo Bruno Saranholi, com o surgimento de mais antas com a mesma situação, o gene recessivo está mais presente nessa população. Contudo, o ponto pode ser um indicativo de baixa variabilidade genética na população ou a frequência de acasalamentos entre “parentes”.

“Ambos os fatores podem levar a uma redução da viabilidade da população em longo prazo, por isso, é importante estarmos atentos a esses registros e investigar o que está ocorrendo nessa população.”

Albinos e mamíferos selvagens de outras espécies, conforme os especialistas, podem se reproduzir normalmente. Em imagens captadas no estudo do instituto, um dos machos albinos estava acompanhado por uma fêmea de cor normal.

O Instituto Manacá iniciou uma nova parceria com o fotógrafo Luciano Candisani, que está fazendo a documentação. O profissional foi a o primeiro a fazer o registro de uma anta albina na natureza no Brasil.

Ao G1, Candisani contou que trabalha na história há sete anos e o filhote representa um novo capítulo do estudo.

“Era uma lenda. Só virou realidade com as fotografias que fiz. Hoje, está bem fácil de ver os animais, mas naquela época era quase um fantasma”, lembra. Os primeiros registros do fotógrafo foram feitos na reserva Legado das Águas.

O acervo foi atualizado com novas imagens da “modelo” que está no zoo de Sorocaba. O material faz parte do projeto de Candisani “Floresta Viva”, que pretende mostrar a biodiversidade da Mata Atlântica.

Os estudos da equipe coordenada por Mariana Landis apontaram outros locais com animais parecidos. O Zoológico de Poznan, na Polônia, relatou três fêmeas nascidas em 1972, 1974 e 1978.

No Brasil, uma fêmea também foi confiscada de um criadouro ilegal em São Paulo, Brasil, em 2010, e levada para um centro de reabilitação de vida selvagem em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde morreu em 2015.

Na Argentina, uma fotografia de uma anta selvagem foi tirada no Parque Nacional El Rey, em Salta. Em 2019, também foi registrado um albino com a mãe próximo a Campo Grande.

Por G1

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