A emissão de gases de efeito estufa no Brasil aumentou 40% desde 2010, puxada principalmente pelo desmatamento.

Em 12 anos, nosso país andou para trás num índice crucial para o equilíbrio do meio ambiente. Os dados são do Sistema de Estimativas de Emissões, criado pelo Observatório do Clima.

Desde 2010, a emissão de gases do efeito estufa no Brasil aumentou 40% até 2021. Atualmente, somos o sétimo que mais contribui com as emissões.

Os especialistas afirmam que o desmatamento é o maior culpado. Quase metade das emissões brasileiras vem da derrubada de árvores, justamente as mais capazes de absorver os gases de efeito estufa.

Segundo a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Luciana Gatti, os números não levam em conta as áreas degradadas. Elas emitem ainda mais gases do que as áreas já sem florestas porque o solo absorve material em decomposição que depois acaba liberado para a atmosfera.

“Não são consideradas emissões de degradação, emissões de queimada e as absorções que nós consideramos nas áreas protegidas infelizmente não estão tão grandes. O cenário real é muito pior,”, alerta a Luciana Gatti.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, listou medidas que o governo vem tomando para diminuir as emissões.

“A retomada do plano de prevenção e controle de desmatamento estará sendo lançado agora em abril, mas, para além disso, as atividades emergenciais de combate ao desmatamento na Amazônia, com a volta do Ibama das operações de fiscalização. Nós já aumentamos as multas e apreensões em mais de 150%”, diz Marina Silva.

O levantamento aponta ainda que o setor agropecuário também aumentou a emissão de gases nesse período. E é de lá que vem parte das soluções.

A melhora na situação passa por dois caminhos: recuperar áreas desmatadas e mudar a maneira como produzimos alimentos.

O Araçá-boi, uma fruta típica da Mata Atlântica, plantada do lado de outras frutíferas, de leguminosas e de outras árvores. Esta é uma agrofloresta. Esse tipo de cultivo que junta plantação e reflorestamento dispensa o uso intensivo de fertilizantes, o que diminui a emissão de gases.

O projeto começou há 13 anos e a fazenda de Patrick Assumpção, no interior de São Paulo passou a receber visitas de produtores rurais interessados em replicar o cultivo.

“Pode colher sua fruta, pode colher sua planta. Você tem um apoio hoje grande e interesse científico de desenvolver este tipo de sistema, principalmente em áreas protegidas também”, diz Patrick Assumpção, dono da fazenda.

Por Jornal Nacional