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Duas novas espécies de peixes são descobertas no Rio Madeira

Duas novas espécies de peixes foram descobertas no Rio Madeira: a Odontonstilbe pacaasnovos, em Rondônia, e a Characidium nambiquara, em Mato Grosso. As descrições foram publicadas na revista científica Journal of Fish Biology.

Os nomes escolhidos fazem referência ao Parque Nacional Pacaás Novos, lar de Odontonstilbe, e o outro homenageia o povo indígena Nambiquara, que habita na área onde o Characidium foi encontrado. Ambos medem cerca de 10 centímetros.

As justificativas para o reconhecimento são as diferenças morfológicas e moleculares diferentes das espécies já descritas na literatura amazônica, principalmente as cores, tamanho e número de escamas.

A pesquisa em Mato Grosso demorou nove anos para ser finalizada e foi feita pelo biólogo e professor da Universidade Federal de Rondônia (Unir) Willian Ohara e a pesquisadora Ângela Zanata, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Os professores explicam no artigo que o nambiquara é diferente dos outros peixes da espécie, principalmente porque tem um padrão de cores “manchadas” e traços pretos, além de uma área entre as nadadeiras do peitoral completamente nua, sem escamas.

“Essa espécie vive em corredeiras na região de Comodoro (MT) e é extremamente difícil de encontrar porque os riachos têm muitas pedras. Desde quando descobri, tivemos que fazer cinco expedições para capturar exemplares. Para descrever uma espécie é preciso de mais de 10 exemplares e a cada expedição a gente pegava dois”, explica o professor Willian Ohara.

Já a espécie rondoniense foi catalogada em dois anos por Willian, Junior Chuctaya e Luiz Malabarba. Ela se diferencia das demais pela quantidade de escamas e coloração. Tem barriga prateada e o resto do corpo amarelado, quase dourado, com tons em laranja nas nadadeiras.

“Esse já tive a felicidade de demorar menos. Foram apenas dois anos. O ICMBio emprestou quatro brigadistas, que junto comigo e outros dois pesquisadores entraram por dentro do parque através de trilha. A expedição durou sete dias, nós percorremos mais de 70 quilômetros a pé, no final de 2018”, lembra Willian.

Por estar dentro do Parque, o Odontonstilbe pacaasnovos está protegido, segundo os pesquisadores. Entretanto, o Characidium nambiquara pode ser considerado como uma categoria em possível situação de ameaça por causa da pecuária e agricultura na região de Comodoro que, em alguns casos, provoca erosão do solo, gerando o assoreamento dos rios.

As duas espécies habitam o mesmo rio, mas em diferentes estados, situação que demonstra a grandiosidade do Rio Madeira. A bacia é a única que ocupa uma extensão duas vezes superior a qualquer outra na região amazônica, cobrindo uma área de 1.380.000 km. Com mais de 1 mil espécies catalogadas.

O pesquisador em História da Amazônia, Dante Ribeiro da Fonseca, afirma que o Madeira é uma “fronteira que em vez de separar confraterniza”.

Entrelaçando uma das maiores biodiversidades de peixes do planeta. Unindo culturas desde o nascimento nos Andes bolivianos, na passagem pelo Peru e Brasil.

A importância do rio é enaltecida por Willian Ohara durante as pesquisas, por ser fonte para pesquisadores locais durante a geração de conhecimento no estado.

“A gente tem que começar a conversar com as pessoas da nossa região, elas precisam saber das pesquisas que nós estamos fazendo, o que nós estamos encontrando. Revista internacional é importante para que o conhecimento seja divulgado no mundo, mas é em outra língua. Muitas pessoas da nossa região às vezes não conseguem ter acesso e por isso temos que pensar no local”.

Por G1

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