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Dia do Pantanal: um ano depois do maior incêndio da história, bioma ainda se recupera

Um ano após o maior incêndio da história no Pantanal mato-grossense, o bioma ainda não se recuperou totalmente. A seca ainda atinge a fauna e a flora da região e grupos voluntário continuam levando alimentos e água para animais que sofrem.

No ano passado, ao menos 17 milhões de animais vertebrados morreram em consequência direta das queimadas no Pantanal, segundo estudo realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, de universidades e de organizações não-governamentais.

Neste ano, o Pantanal mato-grossense já registrou 2.325 focos de queimadas, de janeiro até essa quinta-feira (11). Apenas nos últimos 30 dias, foram 547 focos, que representa 23% do número do ano todo.

Apesar de número ser alto, já é bem menor que no ano passado, o que permite que o Pantanal se recupere, aos poucos. O bioma teve no ano passado 21,7 mil focos de incêndio.

No mesmo período deste ano (janeiro e 8 de novembro), pouco mais de 8 mil. O fogo deu trégua graças às chuvas que, embora não volumosas para trazer de volta as cheias, já ajudaram a apagar as chamas em outubro de 2021. Mas não só isso, aos poucos ajudaram no começo da recuperação do bioma.

A Serra do Amolar é um dos exemplos de como o Pantanal pode se recuperar se as nuvens aliviarem a seca, como mostrou reportagem do Jornal Nacional.

Região do Pantanal renasce após incêndios
Região do Pantanal renasce após incêndios

Apesar do fogo menos intenso, Ilvanio Martins, presidente da Fundação Ecotrópica, que gerencia quatro reservas ambientais no Pantanal, apontou em entrevista à BBC que a fome e a seca estão mais presentes. Por isso, os animais estão aprendendo a ‘mendigar comida’ para sobreviver na seca.

Segundo Martins, parte dos animais precisou mudar de hábitos para obter comida. Alguns passaram a ‘furtar’ alimentos de cozinhas e restaurantes ou de locais dos quais antes não ousariam se aproximar.

Outros passaram a comer alimentos diferentes do que normalmente comeriam. “Vimos macacos e periquitos comendo manga verde, que não seria parte da dieta deles.”

Segundo dados de satélite analisados pela organização MapBiomas, o Pantanal – que é a maior planície úmida do planeta – perdeu 29% de sua superfície alagada nos últimos 30 anos.

Um fotógrafo registrou fotos de jacarés amontoados no Pantanal mato-grossense em busca de água, após os incêndios e a seca que atingiram o bioma nos últimos meses. Marcelo Tchebes também flagrou outros animais silvestres impactados com a estiagem severa.

Ele contou que a viagem para o Pantanal foi um divisor de águas na vida dele, pois os sentimentos de encantamento e preocupação com o que encontrou no bioma se misturaram.

“Toda essa euforia era limitada por uma dor que veio crescendo ao longo da minha estadia na região. Logo nos primeiros quilômetros da Transpantaneira, me assustei ao me deparar com a vegetação totalmente queimada. Das 120 pontes, só avistei água em três ou quatro delas, onde jacarés literalmente se amontoavam em uma situação que não me parecia normal”, narra.

A biodiversidade do Pantanal é composta por mais de 2 mil espécies de plantas, 269 peixes, 131 répteis, 57 anfíbios, 580 aves e pelo menos 174 mamíferos. O número de invertebrados é desconhecido.

Grandes vertebrados como cervos, veados, antas e onças não foram observados a partir dos transectos dada a baixa densidade populacional dessas espécies no Pantanal. Mas foram frequentemente encontrados durante o trabalho de combate aos incêndios, mortos ou feridos perto de estradas.

O estudo alerta que as mudanças climáticas provocadas pelas ações do homem têm influenciado a frequência, a duração e a intensidade das secas na região. O impacto de seguidas queimadas pode ser catastrófico e empobrecer o ecossistema, que já é frágil durante o período sem chuvas. O fogo faz parte da dinâmica natural do Pantanal, mas não nessas proporções.

Diante da possibilidade de novos desastres na região, os pesquisadores esperam com o estudo ajudar a dimensionar os impactos cumulativos causados por incêndios recorrentes no bioma.

Por G1

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