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Desmatamento de florestas públicas emitiu quase 2 bilhões de toneladas de carbono em 16 anos, aponta estudo

Apesar da grilagem de florestas públicas não destinadas responder por quase 18% do total emissões registradas na Amazônia no período observado – cerca de 11 bilhões de toneladas de CO2 em 16 anos -, elas cobrem apenas 15% da área estudada.

A nível de comparação, o estudo mostra que unidades de conservação (UC) e terras indígenas (TI), que cobrem 46% da área estudada, responderam, juntas, por 17% do total das emissões em 16 anos. O dado confirma a hipótese, segundo os pesquisadores, que destinar terras públicas para proteção, seja na forma de UC ou de TI, ajuda a manter a Amazônia em pé.

As florestas públicas não destinadas são áreas que pertencem à União e aos Estados, e que deveriam ser destinadas para a conservação ou o uso sustentável, de acordo com lei de 2006. “Como não o foram, são alvo constante de grilagem”, diz nota do Ipam.

O desmatamento da Amazônia responde por 44% da contribuição total do Brasil para a piora climática, segundo dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG).

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Um estudo do Inpe publicado este mês na renomada revista Nature fez outro alerta perigoso: a floresta amazônica, considerada o pulmão do mundo por armazenar CO2, já emite mais gás carbônico do que consegue absorver.

Segundo os pesquisadores do Inpe, entre 2010 e 2018, a Amazônia deixou de retirar da atmosfera 0,19 bilhões de toneladas de CO2 por ano. Se considerarmos apenas as queimadas, a floresta conseguiu absorver somente 18% das emissões por queimada no período. No que diz respeito ao desmatamento, a emissão de carbono foi dez vezes maior em áreas com mais de 30% de desmatamento

Outro estudo do Ipam, de 2019, já havia mostrado que o desmatamento em terras da União e dos estados representaram 36% do total devastado entre agosto de 2018 e julho de 2019 na Amazônia.

Historicamente, as terras da União e dos estados estão mais vulneráveis devido ao caos fundiário que se instalou na Amazônia. Nas décadas de 60 e 70, incentivados pelo governo militar, brasileiros de diferentes regiões foram para o Norte ocupar a área, mas sem planejamento e sem um plano de proteção ao meio ambiente.

“Terras públicas sem destinação parecem ter o estigma de terras de ninguém, e isso tem que mudar. É preciso que essas áreas sejam logo destinadas para um uso florestal e assim sair do mercado ilegal de terras, que só tem gerado emissões por desmatamento e fogo”, afirma a diretora de Ciência do Ipam, Ane Alencar, autora do artigo.

Por G1

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