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Como os mapas de calor nos alertam sobre os perigos das mudanças climáticas

O último domingo (24) foi marcado pela celebração do Dia Internacional contra as Mudanças Climáticas, data marcada por ações voltadas para a conscientização sobre as mudanças que vêm ocorrendo no clima do nosso planeta. A data destaca também as ações simples que as pessoas podem tomar para ajudar a reduzir esses efeitos e, claro, a importância do comprometimento com a sustentabilidade e da defesa do meio ambiente.

Um estudo recente, liderado por membros da campanha Alliance for Science, da Universidade de Cornell, concluiu que há consenso entre mais de 99% dos artigos científicos publicados nos últimos anos quando o assunto é a relação entre as mudanças climáticas e a ação humana — e Mark Lynas, principal autor responsável pelo estudo, destaca que ele e sua equipe acreditam firmemente que o consenso seja ainda maior que os 99% estimados.

Não é preciso ir muito longe para identificar algumas das consequências das mudanças do clima, já que alguns destes efeitos, como a diminuição das geleiras e a ocorrência de ondas de calor intensas, são facilmente observáveis. Além disso, o ano de 2021 foi marcado por um inverno de temperaturas extremamente baixas no hemisfério Sul, enquanto o Norte foi duramente atingido por calor excessivo — houve regiões no Canadá cujas temperaturas chegaram perto de 50 ºC e deixaram mais de 200 mortos.

Segundo pesquisadores da Universidade de Oxford, o calor extremo nessas regiões seria virtualmente impossível sem as mudanças climáticas (Imagem: Reprodução/Gerd Altmann/Pixabay)

Segundo informações do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), obtidas por mais de 1.300 cientistas de países diversos, é esperado que os efeitos das mudanças climáticas em regiões individuais variem ao longo do tempo, e esses efeitos vão depender das habilidades tanto das sociedades quanto dos ambientes de mitigação ou adaptação a eles. “Considerando o todo, a amplitude das evidências publicadas mostram que os custos dos danos causados pelas mudanças climáticas provavelmente serão significativos”, disseram os autores.

Para entender melhor as consequências que as mudanças do clima vêm trazendo para as diferentes regiões do planeta, além de possíveis tendências indicadas pelos dados já obtidos, o Canaltech conversou com o Dr. Baker Perry, professor de geografia na Appalachian State University. Ph.D. Perry tem interesse em pesquisas nas áreas de precipitação alpina, de neve e de gelo, interações entre geleiras e o clima e mudanças climáticas.

Mudanças climáticas: o que está por vir?

O Dr. Perry observa que há algumas características que se destacam nos mapas de calor produzidos pela NASA. As regiões em latitudes mais altas, com aquelas do hemisfério Norte, Sibéria e Rússia, vêm apresentando maior aquecimento. “As áreas em vermelho escuro e em laranja aparecem em metade do mapa, e esses lugares compartilham o período mais recente de 2016 e 2020, que indicam a maior quantidade de aquecimento”, disse, ao Canaltech. “No hemisfério Sul, a península Antártica realmente se destaca, porque é uma área que parece mostrar bastante aquecimento”, explicou ele.

O professor destaca que as cores dos mapas indicam quais são os lugares que mais sofreram mudanças, mostrando ainda a dimensão desses processos, que não se restringem a uma só região. “Primeiro, houve algum grau de aquecimento em quase todos os lugares do mundo”, ressaltou. Este cenário mostra um padrão de mudanças climáticas ocorrendo globalmente, com algumas poucas exceções restritas a determinadas regiões. “Segundo, o aquecimento não é uniforme, já que há regiões mais quentes que outras — isso inclui o Ártico, principalmente em altas latitudes”, comentou ele.

Mapa com representações de previsões de mudanças na temperatura global e precipitação até 2100 (Imagem: Reprodução/NASA)

Parte disso se deve aos oceanos que, devido à enorme massa de água que comportam, conseguem também armazenar grandes quantidades de calor, que são redistribuídas através das correntes marítimas; em partes, isso ajuda a explicar o porquê de haver tons quentes mais concentrados em áreas continentais, ao invés dos oceanos. “Com base nas nossas observações, acreditamos que anomalias em algumas regiões têm relação com a circulação oceânica”, propôs Perry. “Existem evidências crescentes de que a corrente do Golfo desacelerou e enfraqueceu um pouco, o que pode acontecer devido à água que vem para o Atlântico Norte a partir do derretimento na Groenlândia”, complementa.

Neste cenário, uma das maiores preocupações dos cientistas envolve as mudanças climáticas abruptas e até as surpresas climáticas — tanto que a primeira destas já pode estar acontecendo. “O que ocorre no Atlântico Norte pode, na verdade, ser um indicador de uma mudança climática abrupta”, disse ele. Outro exemplo do fenômeno ocorre na floresta amazônica, que já se aproxima de um ponto de inflexão. “Se o desmatamento continuar, a floresta pode alterar totalmente o clima, porque é uma reserva muito importante de água e de produção de precipitação; assim, podem acontecer grandes mudanças na hidrologia e nos padrões de chuvas na bacia amazônica”, alertou ao Canaltech.

Estes fenômenos preocupantes não param por aí. Perry destacou algumas tendências que já foram observadas pelos pesquisadores. “Em 2021, parece que a cada mês ou a cada semana ouvimos sobre recordes de chuvas quebrados em algum lugar do mundo, e tivemos também ondas de calor sem precedentes”, recordou. “Há também essa mega seca contínua na América do Sul e no Chile, afetando a região de Santiago; essas são somente alguns dos eventos climáticos extremos que estão cada vez mais nos afetando ao redor do mundo”.

Por Canaltech

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