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Cientistas investigam se o aquecimento global fortaleceu o furacão Dorian

Giuliana Viggiano

Até a manhã desta sexta-feira (06), o furacão Dorian já havia deixado ao menos 30 mortos e centenas de desaparecidos na ilha caribenha de Bahamas. Por lá, o ciclone tropical teve ventos de 300 km/h, atingindo intensidade 5 — a mais alta da escala de furacões Saffir Simpson — e tornando-se o fenômeno mais forte que já atingiu a região.

Dias depois, o furacão passou pelos estados da Flórida e da Geórgia, nos Estados Unidos, e agora se encaminha para o nordeste do território norte-americano. Felizmente, apenas quatro mortos foram registrados nos EUA, e a intensidade do furacão tem diminuído, como relata o noticiário local.

Fato é que, de acordo com os especialistas, um dos principais agravantes do ciclone é um velho conhecido dos pesquisadores: o aquecimento global: “A modelagem e a teoria dizem que devemos esperar que os furacões mais fortes fiquem ainda mais fortes”, disse Jeff Masters, expecialista no assunto, ao New Scientist em 2018.

O Dorian se intensificou rapidamente e, segundo os cientistas, o calor no oceano é a principal fonte de combustível de um furacão. Logo, como os mares do planeta absorveram mais de 90% do aquecimento global dos últimos 50 anos, o aumento da temperatura resultou na potencialização do fenômeno.

“Quando se condensa em gotículas de nuvens, esse vapor de água acaba liberando muito calor na atmosfera e é disso que um furacão se alimenta”, explicou a metereologista Jennifer Francis ao The Washington Post. “Esses fatores estão claramente contribuindo para as tempestades que estamos vendo ultimamente.”

Além disso, o nível do mar local é outro ponto importante quando o assunto é a força de um furacão. Como explicam os estudiosos, os ventos provocados por um furacão empurram a água em direção à costa, causando inundações em um curto intervalo de tempo. Sendo assim, quanto mais alto o nível da água, pior é a inundação resultante de uma forte tempestade.

Como se não bastasse, simulações climáticas mostraram que os ventos atmosféricos nos subtrópicos, onde está o Dorian, estão diminuindo a velocidade desses furacões (o que não é necessariamente algo positivo). “Furacões em movimento lento causam imensas quantidades de dano. Em vez de seguirem rapidamente, ventos fortes, fortes chuvas e grandes tempestades se combinam para destruir a paisagem e, é claro, pessoas, edifícios e infraestrutura crucial”, escreveu Dale Dominey-Howes, professor da Universidade de Sydney, no The Conversation.

Isso significa que esses furacões estão levando mais tempo para irem de um local para o outro, ou seja, como se mantém mais tempo em uma mesma região, sua capacidade de destruição aumenta. Os especialistas, contudo, ainda não sabem exatamente a razão disso: “Há muitos pontos na cadeia de causa e efeito que ainda precisam ser elaborados”, afirmou o cientista da NASA, Tim Hall. 

Como explicou Dominey-Howes, está nascendo uma nova ciência chamada “atribuição”, responsável por investigar a probabilidade estatística de que um evento específico, como o furacão Dorian, seja mais provável em se desenvolver um clima mais aquecido. “Agora, está em andamento o trabalho de reunir os dados necessários para determinar matematicamente se Dorian provavelmente está conectado a um mundo em aquecimento”.

Entretanto, em outro artigo publicado pelo The Conversation, Gary W. Yohe, da Universidade Wesleyan, afirma as mudanças climáticas e o crescimento de desastres ambientais não pode ser coincidência. “Além dos furacões mais intensos e lentos, o clima quente foi responsabilizado por causar um aumento acentuado em todos os tipos de eventos climáticos extremos em todo o país, desde incêndios florestais explosivos na Califórnia, as até inundações severas nos EUA e secas prolongadas no sudoeste”, argumentou.

Sobre isso, Hall e Francis ponderam e afirmam que não podem atribuir nenhum desastre climático particular às mudanças climáticas. O especialista da NASA, contudo, acredita que existem sinais o suficiente para fazerem alertas sobre o futuro. “Devemos esperar cada vez mais fenômenos intensos”.

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