Biólogo transforma fotografias de natureza em material didático
Na história de Davi Perez a admiração pela natureza começou cedo e dentro de casa: documentários, fotografias e programas de televisão inspiraram o jovem que, há pelo menos cincos anos, registra a fauna e flora brasileiras.
O hobbie se transformou em profissão e hoje, aos 24 anos, o biólogo une os cliques aos estudos. “Além de observar, passo bastante tempo estudando e lendo artigos na internet, sites de pesquisas e nas redes sociais”, diz o especialista.
Mais de 100 espécies de aves já foram clicadas por Davi — Foto: Davi Perez/VC no TG
As aves são foco principal das lentes da câmera e do binóculo do observador, que ainda na faculdade optou pela ornitologia. “Não nego nenhum registro da natureza, mas na faculdade decidi estudar as aves e passei a observá-las em todos os lugares. Foi como mergulhar no mundo delas: quando vi, já estava assoviando e procurando por espécies nas árvores em uma simples ida à padaria”.
Vivemos em um mundo altamente modificado pelas ações humanas e o crescimento das cidades se deu sobre áreas que antes eram morada apenas para os animais. Isso criou uma necessidade de observar e levantar ações para proteger os animais. E para proteger é preciso conhecer — Davi Perez, biólogo
Garça-vaqueira é uma das espécies de destaque no acervo — Foto: Davi Perez/VC no TG
Para Davi, a prática é, além de uma paixão, uma grande aliada da conservação. “O contato direto com a natureza é uma das ferramentas mais importantes para a educação ambiental, visto que esse contato estimula vínculo e cria simpatia, atribui significado e ressignifica o que achamos que sabemos sobre a natureza”, relata.
As fotos e as experiências de anos de observação são levadas à sala de aula, maneira que o professor de ciências e biologia encontrou para proteger a natureza e estimular a empatia pela vida selvagem. “Além de me sentir completo, a natureza é minha maior aliada no ensino da importância de preservação ambiental. Como professor, tento passar aos meus alunos as lições que a natureza me ensinou”, completa.
Davi organiza até três passarinhadas semanais em áreas verdes de Limeira (SP) — Foto: Davi Perez/VC no TG
Acervo variado
Além dos estudos semanais, o biólogo organiza passarinhadas frequentes em parques ecológicos, fazendas e hortos florestais. “O campus das universidades próximas também são ótimos pontos de observação, pois abrigam grandes áreas verdes”, comenta o especialista, que mantém um acervo rico com mais de 125 registros de aves diferentes, assim como cliques de anfíbios, répteis e mamíferos.
Encarar trilhas longas pelas matas em busca do flagrante não é o maior desafio: difícil mesmo é destacar o registro favorito. Por isso, a lista é extensa. “Entre as fotos que merecem destaque está o voo das araras, não só pela composição mas também pelo flagra de um casal interespecífico. Era uma arara-canindé e uma arara-vermelha voando juntas, livres, em uma fazenda”.
Encontro emocionante com tamanduá-bandeira é lembrado pelo biólogo — Foto: Davi Perez/VC no TG
“Um casal de corujinhas-do-mato repousando sob uma cobertura de folhas, um jovem topetinho-verde pousado em uma folha, um tucanuçu se alimentando de caqui, o close de uma garça-branca-grande e o clique de um casal de seriemas um tanto quanto curiosas pelas lentes da minha câmera são outros destaques”, completa Davi, que lembra também do encontro com um tamanduá bandeira fotografado em Nova Casa Verde (MS).
Hoje, respeitando o isolamento social, Davi descobriu espécies que vivem no centro urbano de Limeira, outra grande surpresa da natureza. “Apesar de morar no ‘coração’ da cidade obtive resultados incríveis ao observar aves de médio porte, espécies migratórias e aves predadoras de outras aves. Tudo isso num raio de 200 metros do quarteirão de casa”, finaliza.
Encontro foi registrado durante passarinhada em Eldorado (SP) — Foto: Davi Perez/VC no TG
Por G1
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