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Preservando a humanidade: cofre à prova de apocalipse ganha mais 21 TB de dados

Imagine se uma grande catástrofe, como uma onda de terremotos, vulcões em erupção, a colisão de um asteroide ou até uma pandemia viral extinguir quase toda a humanidade. Como possíveis novas gerações de humanos poderiam acessar toda a história que construímos até hoje? A resposta para isso está no Svalbard Global Seed Vault, conhecido como o “Doomsday Vault” (“Cofre do Apocalipse”, na tradução literal), que fica em uma instalação na Noruega. O local recebeu, nos últimos meses, mais de 21 TB de códigos-fonte de programação, vindos diretamente do repositório do GitHub.

O Cofre do Apocalipse, que leva esse nome porque foi idealizado justamente para resistir a ameaças apocalípticas, fica em um arquipélago isolado no Ártico e mantém mais de 1 milhão de sementes em um bunker, projetado para ser o banco de amostras mais seguro do mundo. Criado em 2008, o cofre pode ficar guardado por pelo menos mil anos e já contém informações dos Arquivos Nacionais do México e do Brasil, além da Biblioteca do Vaticano, do Museu Nacional da Noruega, da Agência Espacial Europeia, entre outros.

Instalação fica em um arquipélago no Ártico (Reprodução/GitHub)

Além de sementes, o Cofre do Apocalipse também agrega outros projetos de preservação da memória da humanidade, como o Artic World Archive, que guarda informações sobre a história mundial. Em 2015, o arquivo já mostrou sua função ao contribuir com a recomposição do banco genético de Aleppo, na Síria, após a devastação causada pela guerra civil no país.

Mesmo sendo “à prova de apocalipse”, a instalação é constantemente monitorada. Em 2017, foram necessários ajustes térmicos para evitar que as condições extremas da região pudessem comprometer o material. Entre os financiadores estão o próprio governo da Noruega, a Crop Trust, organização internacional sem fins lucrativos que preserva culturas a fim de proteger a segurança alimentar global; e a Fundação Bill & Melinda Gates.

Mais de 21 TB de códigos do GitHub

Como dito acima, o Cofre do Apocalipse recebeu um grande upgrade, de fevereiro a julho deste ano. O GitHub transportou com sucesso todos os seus repositórios ativos de codigos-fonte abertos para o Artic World Archive, em uma seção batizada de Artic Code Vault, a 250 metros abaixo da superfície gelada da região. O objetivo é “garantir que as memórias digitais mais insubstituíveis do mundo da arte, cultura e literatura” sejam protegidas no caso de uma ameaça existencial à humanidade, seja uma guerra nuclear, as mudanças climáticas — ou até uma próxima grave pandemia.

Reprodução/GitHub

“Nossa missão é preservar o software de código aberto para as gerações futuras, armazenando seu código em um arquivo construído para durar mil anos”, explica Julia Metcalf, diretora de programas estratégicos do GitHub, no blog da empresa. O projeto, anunciado pela primeira vez no ano passado, já havia recebido uma remessa no final de 2019, com um depósito de 6 mil códigos-fonte.

A nova carga, minuciosamente gerenciada durante os desligamentos e fechamentos de fronteiras durante a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), vai ainda mais longe, com um total de 21 TB de dados, gravados em 186 rolos de um filme digital de arquivo chamado piqlFilm. Essa mídia foi elaborada para durar 500 anos, e simulações sugerem que pode suportar até duas vezes mais que essa “data de validade”. O material fica em um recipiente com paredes de aço, em uma câmara selada.

Material é resistente a exposição eletromagnética extrema

Os filmes são compostos de halogenetos de prata sobre poliéster e contêm impressões miniaturizadas de códigos QR, com quadros que “apertam” cerca de 8,8 milhões de pixels microscópicos. Cada rolo possui quase 1 quilômetro de extensão. “Ele suporta uma exposição eletromagnética extrema e passou por extensos testes de longevidade e acessibilidade”, afirma a empresa piql.

Reprodução/GitHub

O cofre também conterá um rolo separado, legível por humanos, chamado Tech Tree (“Árvore Tecnológica”, na tradução literal), com explicações sobre a história técnica e o contexto cultural do conteúdo do arquivo. A ideia é que ela sirva como um “manual de instruções” de como operar a tecnologia que envolve o projeto. “Também incluirá trabalhos que explicam as várias camadas de fundações técnicas que tornam possível o software: microprocessadores, redes, eletrônica, semicondutores e até tecnologias pré-industriais”, explica Julia Metcalf, do GitHub.

“Isso permitirá que os herdeiros do arquivo compreendam melhor o mundo de hoje e suas tecnologias, e pode até ajudá-los a recriar computadores para usar o software arquivado”, complementa. E, embora seja chamado de Cofre do Apocalipse, esse grande arquivo da humanidade já começa a ser vir como um backup dinâmico de tudo o que temos — afinal, devemos considerar a possibilidade de precisarmos recorrer a essa solução antes de uma possível extinção global.

Fonte: Science Alert, GitHub  

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