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Microfósseis de 1,9 bilhão de anos dão pistas sobre evolução celular

Por meio da análise de novos tipos de microfósseis de 1,9 bilhão de anos, pesquisadores japoneses acreditam terem esclarecido como ocorreu a evolução dos seres procariontes para os eucariontes. A extraordinária descoberta foi registrada em 19 de agosto na revista Precambrian Research.

Os seres procariontes têm apenas uma célula sem núcleo, enquanto os eucariontes apresentam um núcleo definido e uma estrutura complexa, podendo ser pluricelulares (fungos, plantas e animais) ou unicelulares, como as amebas.

Os cientistas concluíram que a transição de uma forma celular para a outra ocorreu pois o ambiente terrestre de 1,9 bilhão de anos atrás facilitou a expansão divergente de formas microbianas. A colisão das massas do planeta acelerou o intemperismo oxidativo para o oceano na América do Norte, aumentando o suprimento de nutrientes e a temperatura da água do mar.

“Sob tais condições, os microrganismos provavelmente diversificaram sua morfologia como estratégia de sobrevivência, abrindo caminho para a evolução dos eucariotos”, explica Kohei Sasaki, pesquisador da Universidade de Tohoku e líder do estudo, em comunicado.

Os autores da pesquisa reavaliaram microfósseis descobertos em 1954, na Formação Gunflint, que atravessa o norte do estado norte-americano de Minnesota até Ontário, no Canadá, ao longo das margens noroeste do Lago Superior.

Tipos comuns de microfósseis da Formação Gunflint na escala de 0,01 mm (Foto: Sasaki et al.)
Tipos comuns de microfósseis da Formação Gunflint na escala de 0,01 mm (Foto: Sasaki et al.)

Os fósseis são conhecidos como uma “referência” no campo da evolução da vida, porém poucas pesquisas foram feitas sobre eles desde a década de 1970. Então a equipe realizou um novo levantamento geológico da formação e coletou rochas contendo os microfósseis.

Após investigarem a forma tridimensional deles e seu tamanho, os pesquisadores identificaram cinco tipos de microfósseis: coloniais, elipsoidais, portadores de inclusão intracelular (ICI), espinhosos e portadores de cauda.

De acordo com Sasaki, esses novos tipos são mais funcionais do que os anteriormente encontrados. Os elipsoidais se assemelham às cianobactérias modernas, que evoluíram para melhorar sua tolerância a ambientes hostis. Já os ICI estavam repletos de nutrientes e os espinhosos e portadores de cauda demonstraram características vantajosas para motilidade e transferência de tais nutrientes entre as células — algo típico de eucariontes.

“Embora o tamanho das células seja procariota por definição, elas já desenvolveram funções eucarióticas”, explica o pesquisador. Isso sugere, de acordo com a pesquisa, que os procariontes podem ter começado a diversificar suas funções e a se preparar para a evolução antes do surgimento dos eucariontes, há 1,8 a 1,6 bilhão de anos.

Saber disso poderá ajudar os cientistas a identificar o momento exato e os fatores que levaram à evolução de procariontes para eucariontes, auxiliando campos das ciências da vida e da biologia evolutiva, indo além da geologia.

Por Galileu

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