América do Norte perdeu 94% de sua “rede” selvagem de polinização
Um estudo da Universidade de York, no Reino Unido, indica que, devido às mudanças climáticas, a expansão da agricultura e o desenvolvimento na América do Norte nos últimos 30 anos, 94% das redes de abelhas selvagens e espécies de plantas nativas importantes para a polinização foram perdidas.
Para chegar a estes resultados, os pesquisadores examinaram as “redes” de polinizadores durante os últimos 125 anos. Essas redes são compostas por abelhas silvestres e pelas plantas nativas que, historicamente, dependem entre si. Cerca de 30% das redes de polinizadores de plantas foram completamente perdidas. Nos outros 64%, a perda foi parcial: algumas abelhas silvestres e plantas nativas ainda estão presentes no ecossistema, mas as abelhas não mais visitam essas plantas.
“Existem várias razões para as perdas nas redes. A mudança climática é provavelmente o maior fator. Sabemos que nos últimos 100 anos ou mais as temperaturas anuais mudaram em dois graus e meio. Isso é suficiente para alterar o tempo em que certas plantas nativas florescem”, diz a pesquisadora professora Sandra Rehan, em comunicado.
Os 6% restantes das redes de polinizadores de plantas são estáveis ou até prosperam com polinizadores, como pequenas abelhas-carpinteiras, que gostam de hastes quebradas para fazer ninhos. Muitas dessas abelhas vivem em caules, por isso é fácil importar plantas com espécies de abelhas não nativas sem saber.
Os pesquisadores dizem que um aumento na restauração do habitat e plantas nativas em paisagens agrícolas são fundamentais para melhorar a biodiversidade das abelhas silvestres, mas também a segurança alimentar dos seres humanos.
As abelhas e outros polinizadores representam centenas de bilhões de dólares em todo o mundo ao polinizar o que se tornará nosso alimento, e as abelhas selvagens são as maiores responsáveis por isso: acredia-se que elas polinizam mais de 87%, ou 308 mil espécies de plantas com flores. Muitas delas são culturas comerciais economicamente importantes, como maçãs e mirtilos.
“Há uma necessidade urgente de obter uma compreensão mais profunda das circunstâncias ambientais que afetam essas populações de polinizadores selvagens e suas relações evolutivas especializadas com as comunidades vegetais”, diz Rehan. “As redes de polinizadores de plantas dependem de mudanças na paisagem; portanto, saber como essas redes são moldadas é importante para todos os habitats regionais”.
Por Revista Galileu
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