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Drone registra muriquis pela primeira vez em área protegida do RJ

Ainda que seja o maior primata das Américas, os muriquis passaram despercebidos no Parque Estadual Cunhambebe, litoral sul do estado do Rio de Janeiro. Foi apenas com a ajuda tecnológica de um drone equipado com câmera termal que a presença do macaco foi documentada pela primeira vez. As imagens inéditas permitiram a identificação de duas populações na área protegida e um total de 36 indivíduos. Números expressivos por se tratar de uma espécie Em Perigo de extinção no país.

O muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides) ocorre apenas na Mata Atlântica, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, com preferência pelas florestas montanhosas acima dos 600 metros. No parque fluminense, os animais foram encontrados em áreas escarpadas e de difícil acesso, um lar inóspito que contribuiu para que fossem até então apenas uma lenda no Cunhambebe.

“Na literatura científica encontramos, até agora, apenas relatos de que tinham sido encontrados vestígios da espécie no parque, com pouca informação”, conta o coordenador do Projeto Muriqui Bocaina, Felipe Brandão, responsável pela descoberta. “Registramos os muriquis em duas localidades, distantes entre si, o que sugere a presença de dois grupos. Vamos iniciar um monitoramento aéreo, mais constante dessas localidades, para obter mais informações e dar continuidade ao levantamento em outras áreas”, completa o especialista.

O Parque Estadual Cunhambebe possui pouco mais de 38 mil hectares de Mata Atlântica, o segundo maior parque do estado, com florestas ainda bem preservadas do bioma. “Nossa expectativa é encontrar mais grupos de muriqui-do-sul na região”, afirma Felipe.

O pesquisador do Muriqui Instituto de Biodiversidade liderou as ações de monitoramento da fauna com drone que contou com apoio do Instituto Estadual do Ambiente (Inea-RJ), órgão que faz a gestão das UCs estaduais, e com recursos da Vale, no âmbito do programa Meta Florestal.

Considerado Em Perigo pela avaliação nacional do ICMBio publicada em 2025, o muriqui-do-sul é vítima do desmatamento histórico da Mata Atlântica e da consequente perda e fragmentação das florestas das quais depende para viver.

Na avaliação estadual, feita pela última vez em 1997, a espécie foi considerada em grau ainda mais severo de risco, como Criticamente Em Perigo de extinção no Rio de Janeiro.

“Esse registro inédito representa um avanço significativo nas pesquisas ambientais da região. É um marco para a conservação da biodiversidade fluminense”, comemora o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.

Localizado nos municípios de Angra dos Reis, Mangaratiba, Rio Claro e Itaguaí, na Costa Verde fluminense, o Cunhambebe foi palco de outros dois registros inéditos recentemente: as antas (Tapirus terrestris) e o formigueiro-de-cabeça-negra (Formicívora erytronotos), este último um pássaro endêmico do estado do Rio de Janeiro.

Por O Eco
Foto: Reprodução/Inea-RJ

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