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Espécies amazônicas ganham personagens em livro infanto-juvenil

Conscientizar a população sobre a necessidade de conservar espécies da fauna e flora é um dos maiores desafios enfrentados por biólogos, pesquisadores e ambientalistas. Afinal, do que adianta estudar sobre as espécies e se dedicar à preservação se o desmatamento, a caça e a poluição continuam?

O graduando de ciências biológicas Marcelo Pereira encontrou na literatura uma maneira de contribuir nessa luta pela conservação: apaixonado por natureza desde criança, o jovem de Araraquara (SP) publicou um livro de ficção sobre a riqueza da floresta amazônica. “Escrever sobre a natureza selvagem e conscientizar o leitor sobre proteger as matas é um desafio, por isso, durante o processo de escrita fiz pesquisas e busquei inspirações voltadas à biologia’, conta.

Estudante de biologia, Marcelo encontrou na literatura uma forma de proteger a natureza — Foto: Divulgação/Hi-Merimã - A floresta sombria

Estudante de biologia, Marcelo encontrou na literatura uma forma de proteger a natureza — Foto: Divulgação/Hi-Merimã – A floresta sombria

Foram 12 meses dedicados ao estudo da diversidade amazônica e de outros biomas brasileiros para, então, escrever a história de Nowa, uma criança indígena abandonada pela tribo e criada por uma onça-pintada que encara desafios para salvar o rio Yanomami. “No decorrer da história o rio começa a escurecer e o garoto é culpado pelo fenômeno. Para ganhar respeito da tribo, mostrar uma imagem positiva para os pais e solucionar o problema, Nowa embarca em uma aventura imposta pelo chefe da tribo, com ajuda de quatro animais”, explica Marcelo, que escolheu espécies representantes da fauna brasileira.

“Na aventura, Nowa conta com ajuda de uma ararajuba, um jaguaretê-negro, uma doninha-amazônica e uma harpia. No decorrer da história, animais de outros biomas também se destacam, como o lobo-guará”, diz.

Todos os personagens levam nomes indígenas, assim como o título do livro: Hi-Merimã é uma tribo indígena isolada na região conhecida como Médio Purus, no sul do Estado do Amazonas

Artista plástico Petterson Silva cedeu algumas obras para o livro — Foto: Petterson Silva/Arquivo Pessoal

Artista plástico Petterson Silva cedeu algumas obras para o livro — Foto: Petterson Silva/Arquivo Pessoal

Apaixonado por felinos e integrante do projeto Wild Cats Brazil – programa de pesquisa voltado ao estudo de pequenos felinos do Brasil; Marcelo destaca também a onça-pintada e a suçuarana, personagens importantes na narrativa. “As pessoas precisam ter uma outra visão em relação aos felinos, que muitas vezes são considerados ameaças e acabam sendo abatidos. Com o livro, pretendo levar a história para escolas, universidades e educadores que trabalham com educação ambiental”, detalha.

A linguagem infanto-juvenil foi criteriosamente trabalhada como uma tradução de pesquisas e questões técnicas para textos acessíveis e de fácil entendimento, ponto importante em todo projeto de divulgação científica. “Cada capítulo da obra é recheado de questões técnicas da biologia traduzidas para a linguagem científica. O maior desafio foi encontrar as palavras certas e encaixar em uma narrativa que não canse o leitor. Escrevi de uma maneira que o aprendizado venha não só pelo conteúdo didático, mas também pelas emoções e aventuras da história”. Desejo que no futuro, não muito distante, consigamos levar através da escrita informações necessária para que todos possam refletir e mudar conceitos sobre a natureza selvagem, de maneira que respeitem todas as espécies — Marcelo Pereira, autor

A narrativa conta com histórias folclóricas e características de outros biomas brasileiros — Foto: Isaac Santos/Hi-Merimã - A floresta sombria

A narrativa conta com histórias folclóricas e características de outros biomas brasileiros — Foto: Isaac Santos/Hi-Merimã – A floresta sombria

Um exemplo da ‘tradução’ de conteúdos técnicos está em um trecho dedicado ao Cerrado. ‘’Pequenas árvores de troncos torcidos e recurvados, com arbustos de folhas grossas e esparsas, numa vegetação rala e rasteira, que se misturava a campos limpos e matas de árvores não muito altas, formavam a rica paisagem do Cerrado, que tinha neste nome o significado de ‘fechado’. Esse lugar apresentava relevos variados, predominando os amplos planaltos, com florestas de galerias, que margeavam cursos d’água. Em meio à relva de capim-flecha, que crescia numa altura de até dois metros e meio, em uma toca, se encontrava Araxis, uma loba-guará que havia dado cria há poucos meses. Com seus dois pequenos filhotes ela se preparava para buscar alimento: o fruto da lobeira. Enquanto isso, seu companheiro, o lobo Korubo, vigiava o local. Esta seria a primeira vez que os filhotes sairiam da toca com a mãe. Eles estavam inquietos. Possuíam uma pelagem escura; diferente de seus pais, que tinham pelos de cor laranja-avermelhado e apenas no dorso e nas patas dianteiras apresentavam uma cor escura. Brincalhões seguiam a loba”.

Publicado em abril deste ano o livro pode ser adquirido em livrarias e pela internet. Motivado a incentivar a conservação entre os jovens, Marcelo doou algumas unidades para o projeto “Onças do Iguaçu”. A obra foi indicada pelo Instituto-Pró-carnívoros e pelo projeto Wild Cats Brazil como livro educativo para amantes dos animais.

Apaixonado pela natureza desde criança, Marcelo se dedica à escrita e à biologia — Foto: Marcelo Pereira/Arquivo Pessoal

Apaixonado pela natureza desde criança, Marcelo se dedica à escrita e à biologia — Foto: Marcelo Pereira/Arquivo Pessoal

Por G1

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